Ataques cibernéticos no agronegócio: a nova ameaça que vem da nuvem
Foto:
Tecnologia acelera o campo — e expõe novas vulnerabilidades
O agronegócio brasileiro atravessa uma revolução digital sem precedentes. Máquinas autônomas, sensores de solo, drones, plataformas de exportação e redes logísticas conectadas formam hoje um ecossistema altamente tecnológico e interligado. Essa modernização, porém, vem acompanhada de riscos crescentes: quanto mais digital o campo se torna, maior é a exposição a ataques cibernéticos.
Segundo Paulo Miranda, Head da Keeggo Cyber Security, cada novo dispositivo conectado representa uma possível porta de entrada para criminosos digitais. “O que antes exigia acesso físico hoje pode ser comprometido remotamente, com apenas alguns cliques”, explica o especialista, destacando o impacto da expansão do 5G e da inteligência artificial nas operações agrícolas.
Setor agro se torna alvo prioritário de cibercriminosos
A dependência de sistemas conectados transformou o agronegócio em um dos setores mais visados por ataques digitais no Brasil e no mundo. Relatórios recentes apontam que cerca de 10% dos casos de ransomware registrados no país já têm como alvo cadeias produtivas do agro, incluindo cooperativas, transportadoras e processadoras de alimentos.
Somente no primeiro trimestre de 2025, o número de incidentes envolvendo empresas agrícolas mais do que dobrou em relação ao mesmo período de 2024, segundo análises de especialistas em segurança industrial. O impacto é amplo: ataques a transportadoras podem atrasar embarques internacionais; ofensivas contra cooperativas podem interromper o fornecimento de insumos; e invasões em sistemas industriais têm o potencial de paralisar colheitas e comprometer o abastecimento alimentar.
Casos internacionais mostram o tamanho da ameaça
O problema não é exclusivo do Brasil. Em Israel, hackers invadiram sistemas automatizados de irrigação, obrigando produtores a voltar à operação manual. Nos Estados Unidos, uma das maiores cooperativas agrícolas do país teve suas atividades interrompidas após um ataque que exigiu pagamento milionário de resgate.
No Brasil, o caso da JBS segue como um dos exemplos mais marcantes: a empresa precisou paralisar plantas industriais em diversos países após uma ofensiva global. Hoje, cooperativas e empresas de logística, sementes e armazenagem relatam tentativas constantes de invasão, algumas delas bem-sucedidas, evidenciando o crescimento dessa “guerra invisível” contra o agronegócio nacional.
Cibersegurança passa a ser tema estratégico para o agro
Diante desse cenário, especialistas defendem que o agronegócio seja reconhecido como infraestrutura crítica, ao lado de setores como energia e saúde. Responsável por quase 25% do PIB brasileiro, o agro tem papel essencial na segurança alimentar e econômica do país.
“Onde há dados, há risco. E proteger esses dados é proteger o próprio negócio”, afirma Miranda. Ele ressalta que a proteção digital exige monitoramento remoto contínuo, análise comportamental de dispositivos, visibilidade em tempo real e respostas automatizadas a incidentes. O tempo de reação, segundo o especialista, é “tão importante quanto o controle de pragas ou a previsão climática”.
Cultura de segurança digital é o novo desafio do campo
Mais do que tecnologia, o agro precisa adotar uma cultura de segurança. A transformação digital deve vir acompanhada de treinamentos, auditorias, atualizações de sistemas e simulações de ataques, práticas essenciais para garantir a integridade das operações.
“O ciberataque não é uma possibilidade remota, mas uma realidade crescente”, reforça Miranda. Ele defende que a segurança da informação esteja presente desde o planejamento de fazendas conectadas até o dia a dia de cooperativas e transportadoras.
Proteger o campo é proteger a economia
Com o alimento do futuro cada vez mais digital, a integridade dos dados se torna tão vital quanto a fertilidade do solo. Em uma cadeia produtiva interligada e global, proteger os sistemas agrícolas é garantir o abastecimento, a competitividade e a soberania nacional.
“A cibersegurança deixa de ser um tema restrito à área de TI e passa a ser parte essencial da sustentabilidade do agronegócio brasileiro”, conclui Miranda.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





