“Governo federal tem nos apoiado. Prova disso é ter um Yanomami à frente do Distrito Sanitário Indígena”
Maurício Ye’Kwana é o primeiro indígena a ocupar o cargo de coordenador do Distrito Sanitário Indígena Yanomami, em Roraima. A chegada do gestor indígena é mais uma iniciativa do Ministério da Saúde para reforçar os trabalhos na região depois da declaração de emergência em saúde pública no território motivada pela grave desassistência. A declaração de emergência está completando dois anos no território Yanomami – maior reserva indígena do Brasil, que abriga cerca de 27 mil pessoas.
A nomeação de Ye’Kwana foi formalizada em recente visita da ministra da Saúde, Nísia Trindade, ao território Yanomami. A ação reflete o apoio e a responsabilidade do governo federal em prestar uma assistência mais qualificada e acompanhar, de perto, a realidade e as necessidades dos povos tradicionais.
“É importante falar sobre o que o governo federal está fazendo, e mais ainda agora, colocando um indígena Yanomami na coordenação do Distrito Sanitário Indígena (DSEI) Yanomami”, destaca Maurício Ye’Kwana, que tomou posse no cargo em dezembro de 2024.
De acordo com o novo gestor indígena, entre outras iniciativas previstas, está a construção de uma base de saúde na fronteira e contar com o apoio do governo estadual na contratação de intérpretes indígenas para os hospitais da região.
Para a ministra Nísia Trindade, a reestruturação da saúde no território Yanomami é um marco do compromisso com a dignidade e os direitos dos povos indígenas. “Enfrentamos uma crise humanitária sem precedentes, resultado de anos de desassistência e negligência. Hoje, após dois anos de trabalho árduo e integrado, conseguimos restabelecer serviços essenciais, garantir a segurança alimentar e reduzir drasticamente os óbitos por desnutrição, malária e infecções respiratórias”.
As iniciativas integradas resultaram em diversos avanços no enfrentamento ao garimpo ilegal, na preservação do meio ambiente, na redução da mortalidade por desnutrição e na busca por qualidade de vida às comunidades indígenas.
O que é o DSEI?
Em todo o Brasil, há 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Trata-se de um modelo de organização de serviços – orientado para um espaço etno-cultural dinâmico, geográfico, populacional e administrativo bem delimitado – que contempla um conjunto de atividades técnicas, visando medidas racionalizadas e qualificadas de atenção à saúde. Eles promovem a reordenação da rede de saúde e das práticas sanitárias e desenvolve atividades administrativo-gerenciais necessárias à prestação da assistência.
Novas Iniciativas
Em visita ao território Yanomami, em 13 de janeiro, a ministra da Saúde, Nísia Trindade, vistoriou as obras da Unidade de Retaguarda a Saúde dos Povos Indígenas do Hospital Universitário da Universidade Federal de Roraima (UFRR) e a Casa de Saúde Indígena Yanomami (Casai).
Já em visita à Casa de Saúde Indígena (Casai), a ministra da Saúde conheceu Caterina Galiizioli, médica italiana que trabalha pela organização humanitária internacional do “Médicos sem Fronteiras”. Caterina trabalha pela causa indígena, desde 2023, em parceria com o DSEI. “ Trabalhamos para facilitar o acesso dos indígenas, ao nível mais alto de saúde na adaptação da cultura de cada comunidade”, afirma a médica.
Segundo Caterina, desde 2023, muita coisa mudou na Casai, elevando a estrutura para outro nível de saúde. “As reformas na Casai melhoraram o serviço e possibilitaram um atendimento de qualidade e completo. Muito importante essa liberação de recursos pelo governo”.
Para Caterina, a iniciativa mais impactante do governo federal foi o aumento do número de profissionais de saúde contratados pelo DSEI, um aumento de 155% em relação ao início de 2023. “O aumento dos profissionais de saúde foi uma mudança importante que permitiu que avançássemos em áreas indígenas mais distantes, alcançando mais pacientes”, afirma a médica.
Atualmente, a Casai conta com um atendimento multidisciplinar com antropólogo, psicólogo, assistente social e departamento médico, garantindo mais qualidade e um atendimento completo. “Garantir a presença do especialista na Casai, corta a necessidade de os pacientes irem ao hospital da região. Essa equipe multidisciplinar foi o diferencial”, finaliza Caterina.
Ações do Ministério da Saúde em território indígena
- 100% dos 37 Polos Base de Saúde em funcionamento;
- 58% de aumento de doses de vacinação aplicadas no primeiro semestre de 2024 comparados ao mesmo período do ano anterior;
- 155% de profissionais de saúde a mais em relação ao início de 2023 (eram 690);
- 68% de queda de mortes por desnutrição;
- 6 novas Unidades Básicas de Saúde (UBSI) construídas;
- 40 Unidades Básicas de Saúde Indígena em operação;
- 29 sistemas de abastecimento de água implantados;
- 43 outros sistemas reativados ou feitas as manutenções;
- 53% de queda no número de óbitos por infecção respiratória no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023;
- 7 polos de saúde desativados foram reabertos. 5,2 mil indígenas atendidos;
- 1.759 médicos, enfermeiros, cirurgiões-dentistas e nutricionistas em atuação;
- 27% de queda no número de óbitos no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2023;
- 35% de queda de mortes por malária.
Saiba mais sobre a Missão Yanomami
Vanessa Rodrigues
Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde