Proprietários de trailers usurpam o direito de quem trabalha legalmente em Primavera do Leste
Comerciantes ambulantes que se recusam a recolher estruturas irregulares afrontam a legislação, prejudicam a concorrência e desafiam o ordenamento urbano da cidade Foto: Reprodução ilustração
Primavera do Leste enfrenta um impasse que vai além da simples disputa por espaço urbano: a atuação descontrolada de parte dos chamados “vendedores ambulantes” que, em vez de cumprirem com os deveres mínimos previstos em lei, abusam da condição informal e agem como se fossem donos da cidade. Alguns deles sequer recolhem os trailers após o expediente, desrespeitando regras básicas e ocupando indevidamente áreas públicas, calçadas e até vagas de estacionamento comercial.
O problema é que, longe de representar a tradicional figura do trabalhador informal em busca de sustento, boa parte desses ambulantes opera verdadeiros negócios estruturados, que ultrapassam os limites permitidos pela legislação municipal — tanto em tamanho quanto em impacto econômico. Há denúncias de trailers com metragem superior ao autorizado, além de casos em que um mesmo proprietário controla mais de uma estrutura espalhada por bairros diferentes da cidade, criando uma espécie de “rede de fast food disfarçada de pequena”, beneficiando-se da informalidade para pagar menos impostos e fugir das obrigações que atingem quem atua legalmente.
A crítica que cresce entre comerciantes formais é clara: esses pseudoambulantes não apenas usam o espaço público sem contrapartida, como também concorrem de forma desleal com quem paga aluguel, emite nota fiscal, gera empregos e movimenta a arrecadação municipal. O resultado é um cenário de injustiça e desequilíbrio.
Em vez de uma política urbana eficiente e voltada à organização da cidade, o que se vê é uma tentativa da oposição de transformar Primavera do Leste em um bolsão de desordem institucionalizada. Ao defender o “jeitinho” como solução — em vez de cobrar regularização, zoneamento comercial e isonomia tributária —, a oposição parece mais interessada em usar o problema como bandeira populista do que em resolver a situação de fato.
Vale destacar que essa postura de tolerância com a informalidade desvirtuada não representa os verdadeiros vendedores ambulantes da cidade — muitos dos quais trabalham corretamente, se enquadram nas normas e cooperam com a fiscalização. O que está em jogo, portanto, é o abuso praticado por uma minoria que se esconde atrás do discurso da informalidade para explorar brechas legais e se beneficiar de um sistema injusto.
O poder público tem o dever de proteger quem gera emprego, paga imposto e cumpre as regras. Manter a organização urbana e garantir concorrência justa é obrigação de qualquer gestão responsável — e deve ser prioridade em uma cidade que tanto se orgulha de sua estrutura, crescimento e planejamento. O silêncio diante dos abusos é, neste caso, um convite ao caos.