O ex-governador Pedro Taques (Solidariedade) voltou a fazer duras críticas à gestão de Mauro Mendes (União Brasil), em mais um vídeo publicado nas redes sociais nesta semana. O alvo da vez foi a iniciativa do atual chefe do Executivo estadual de questionar no Supremo Tribunal Federal (STF) uma lei de 2001 que garante gratuidade no transporte público para professores em formação.

A legislação, criada ainda na administração do ex-governador Dante de Oliveira, assegura o direito ao passe livre a docentes da rede pública que frequentam cursos de graduação, especialização ou pós-graduação, como forma de incentivo à formação continuada e à valorização da carreira.

Mauro Mendes, no entanto, alega ausência de previsão orçamentária e acionou o STF para tentar derrubar o benefício. A medida foi classificada por Pedro Taques como “pura maldade”.

“É pura maldade mesmo. Recentemente, o governador questionou no Supremo uma lei de 2001, da administração do grande Dante de Oliveira. Esta lei dá aos professores o direito à gratuidade no momento em que estão frequentando cursos de graduação ou pós. A Constituição busca fazer com que o professor tenha aprimoramento. No entanto, Mauro alega falta de orçamento. Quantos governadores já passaram e não questionaram essa lei?”

Em tom direto, Taques concluiu:

“Tem gente que não gosta de gente. Tem gente que gosta de coisa.”

Presença nas redes e denúncias recorrentes

Nos últimos meses, Pedro Taques tem usado ativamente suas redes sociais para dialogar com os mato-grossenses, agora na condição de cidadão, e denunciar o que considera abusos e desmandos da atual gestão estadual. Em vídeos diários, tem abordado temas como o aumento da carga tributária, a precarização dos serviços públicos e a perda de direitos históricos de servidores.

“Não se trata de ideologia, se trata de sensibilidade e respeito com quem trabalha pelo futuro do estado”, disse o ex-governador em outra publicação recente.

Carga tributária em alta, direitos em queda

A crítica de Taques ocorre em um momento de crescente insatisfação com a política fiscal de Mauro Mendes. Dados oficiais apontam que a carga tributária por habitante em Mato Grosso subiu 40,25% entre 2018 e 2023, saltando de R$ 5.302 para R$ 7.436 por pessoa, segundo levantamento com base no IPCA e dados da Secretaria de Fazenda.

Apesar do crescimento da arrecadação, o governo tem sido acusado por servidores, sindicatos e ex-gestores de focar apenas nos números e ignorar os impactos sociais das suas decisões, como no caso do vale-transporte para professores.

Clima de embate

A reação pública de Taques reacende o embate entre o ex-governador e Mauro Mendes, que têm visões opostas sobre o papel do Estado. Enquanto Mauro prioriza o enxugamento da máquina e o equilíbrio fiscal, Pedro Taques defende que governar é, acima de tudo, cuidar de gente.

A tentativa de acabar com um direito em vigor há mais de 20 anos aprofunda a percepção de que a atual gestão está mais interessada em cortar gastos do que em investir em pessoas, especialmente nas áreas de educação e direitos sociais.

O episódio somado à crescente movimentação nas redes sociais aponta que, mesmo fora do cargo, Pedro Taques continua a exercer papel ativo no debate político estadual — com forte apelo crítico e crescente repercussão popular.