STF transforma em preventiva a prisão de ex-PM detido na Operação Sisamnes em Primavera do Leste
Dejair Silvestre dos Santos atuava como segurança do lobista Andreson Gonçalves, apontado como articulador em esquema de venda de sentenças no Judiciário de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Foto: Reprodução
O ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), converteu nesta segunda-feira (06) a prisão em flagrante do policial militar aposentado Dejair Silvestre dos Santos em prisão preventiva. O ex-PM havia sido detido na última sexta-feira (03) por obstrução à Justiça, durante uma das fases da Operação Sisamnes, deflagrada em Primavera do Leste (MT).
Dejair, que atualmente trabalhava como segurança particular do lobista Andreson de Oliveira Gonçalves, foi preso na residência do empresário. Andreson é apontado pela Polícia Federal como intermediador de decisões judiciais e peça-chave em um esquema de venda de sentenças envolvendo magistrados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Em nota, a defesa de Dejair afirmou que “respeita a decisão do ministro e adotará as medidas cabíveis”, reiterando que o investigado nega qualquer tentativa de obstrução e “confia no pleno esclarecimento dos fatos”. A Polícia Militar informou que a Corregedoria-Geral abrirá uma sindicância para apurar a conduta do militar.
A defesa de Andreson Gonçalves disse ao g1 que não foi comunicada oficialmente sobre a operação. Segundo as investigações, o lobista seria o responsável por aproximar os desembargadores Sebastião de Moraes Filho e João Ferreira Filho do advogado Roberto Zampieri, assassinado a tiros em 2023. Conversas extraídas do celular de Zampieri levaram ao afastamento dos magistrados, sob suspeita de corrupção e tráfico de influência.
O nome de Andreson surgiu em 2024, durante as operações Ultima Ratio e Sisamnes, que desarticularam esquemas de venda de decisões judiciais nos dois estados. Empresário do ramo de transportes, ele foi preso em novembro de 2024 e, após perder drasticamente peso no presídio, teve a prisão domiciliar concedida em julho de 2025.
De acordo com a defesa, Andreson passou por uma cirurgia bariátrica com interposição ileal em 2020 e apresentava quadro clínico grave. Durante o período em que esteve na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá, chegou a solicitar alimentação especial devido à condição de saúde. Mesmo com autorização judicial para refeições controladas, relatou crises físicas e psicológicas e foi registrado em laudos periciais com aparência debilitada.
As operações Sisamnes e Ultima Ratio seguem em andamento, e as autoridades investigam a possível ramificação do esquema de corrupção no Judiciário, que já resultou no afastamento de sete desembargadores e na prisão de intermediários apontados pela Polícia Federal como operadores do esquema.