Empresas de Primavera do Leste são alvo de operação do Gaeco que desmantela fraude de R$ 270 milhões com 62 empresas fantasmas
Mandados de prisão e busca foram cumpridos no município como parte da Operação Falsus Granum; grupo usava laranjas e empresas de fachada para burlar o fisco no setor de grãos Foto: Reprodução
O município de Primavera do Leste foi novamente colocado no centro de uma operação de grande repercussão estadual. Na manhã desta sexta-feira (27), o Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) deflagrou a segunda fase da Operação Falsus Granum, que teve como alvos empresas de fachada instaladas na cidade e utilizadas em um esquema milionário de fraude tributária e sonegação fiscal.
A investigação apura a atuação de uma organização criminosa altamente estruturada, que teria criado 62 empresas fantasmas registradas em nome de “laranjas” para emitir notas frias e simular operações de transporte e comercialização de grãos. O objetivo era burlar a fiscalização da Secretaria de Fazenda (Sefaz-MT) e deixar de recolher os tributos devidos ao Estado. O prejuízo aos cofres públicos já ultrapassa os R$ 270 milhões, conforme aponta o Ministério Público.
Além de Primavera, mandados também foram cumpridos em Cuiabá e em municípios de Santa Catarina, com um total de quatro prisões preventivas e quatro mandados de busca e apreensão decretados pelo Núcleo de Inquéritos Policiais (Nipo). Em Primavera, os agentes cumpriram ordens judiciais em endereços comerciais e residenciais ligados diretamente às empresas investigadas.
De acordo com o relatório parcial da força-tarefa, as empresas de fachada não apresentavam atividade operacional real, tampouco estrutura física condizente com as movimentações milionárias registradas nos CNPJs. As investigações identificaram vínculos entre essas firmas e empresas maiores do setor de grãos, que utilizavam os “fantasmas” para ocultar receitas, reduzir impostos e dissimular a origem de mercadorias.
O CIRA-MT (Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos de Mato Grosso), responsável pela operação, é composto por membros do Ministério Público Estadual, Polícia Judiciária Civil, Delegacia Especializada em Crimes Fazendários (Defaz), Secretaria de Fazenda, Procuradoria-Geral do Estado (PGE) e Controladoria-Geral do Estado (CGE).
Segundo os promotores responsáveis, as investigações seguem com quebra de sigilos bancários e fiscais para aprofundar a apuração dos vínculos entre os envolvidos e identificar eventuais beneficiários ocultos do esquema. Não está descartada a hipótese de envolvimento de operadores locais do setor contábil, agronegócio e transporte, o que pode levar a novas fases da operação nas próximas semanas.
Até o momento, os nomes dos investigados não foram divulgados oficialmente, e nenhuma autoridade local se manifestou sobre o caso. A expectativa é que o Gaeco apresente um balanço detalhado da operação nos próximos dias, com novos desdobramentos envolvendo outras cidades e empresas conectadas ao esquema.