• 14 de maio de 2025
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CORRUPÇÃO

STJ vai julgar José Riva por compra de fazenda com propina; ex-deputado é acusado de calote e lavagem de dinheiro

Ex-presidente da Assembleia Legislativa de Mato Grosso volta ao centro de escândalo envolvendo R$ 18,6 milhões; processo revela uso de laranjas e propina para aquisição de propriedade rural
Foto: Reprodução

A corrupção em Mato Grosso volta ao noticiário nacional com mais um escândalo envolvendo José Riva, apontado como o maior ladrão da história política do estado. Ex-presidente da Assembleia Legislativa e réu confesso em dezenas de ações por desvios milionários, Riva será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ) por envolvimento na compra fraudulenta da Fazenda Bauru, localizada em Colniza, região noroeste do estado.

O processo foi remetido ao STJ pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá e também envolve o ex-governador Silval Barbosa. Segundo a denúncia, os dois utilizaram recursos de propina para adquirir o imóvel rural, no valor de R$ 18,6 milhões, em uma operação feita com laranjas e ocultação de patrimônio.

Propriedade comprada com dinheiro sujo

De acordo com o Ministério Público Federal, os réus utilizaram dinheiro de origem ilícita, oriundo de esquemas de desvio de recursos públicos e concessão de incentivos fiscais, para comprar a fazenda em 2012. O valor foi inicialmente ocultado por meio de pessoas interpostas: a área teria sido registrada em nome de Janete Riva, esposa de José Riva, e Eduardo Pacheco, primo de Silval Barbosa.

O próprio Silval, em acordo de colaboração premiada, afirmou que ambos investiram pelo menos R$ 5,1 milhões cada no negócio, com dinheiro de propina. O objetivo era lavar recursos desviados dos cofres públicos por meio da compra da propriedade rural.

Disputa, calote e pedido de indenização milionária

Além da investigação criminal, a fazenda é alvo de uma ação de rescisão contratual, na qual os antigos donos acusam José Riva de não ter quitado a compra. O débito seria de R$ 20 milhões, mas Riva pede R$ 80 milhões de indenização, alegando benfeitorias no local.

O imbróglio judicial tornou-se ainda mais complexo porque a área foi incluída como bem de devolução voluntária nos acordos de delação tanto de Riva quanto de Silval Barbosa. Ambos ofereceram a fazenda como parte dos recursos a serem ressarcidos aos cofres públicos, em troca de benefícios penais.

Riva e a cultura do desvio institucionalizado

Apontado pelo Ministério Público como líder de organização criminosa que drenou milhões da Assembleia Legislativa durante décadas, José Riva segue respondendo a processos mesmo após seus acordos de colaboração. Com passagens por diversos partidos e influência sobre o orçamento estadual por anos, Riva tornou-se símbolo de um modelo de poder baseado no clientelismo, na propina e na compra sistemática de apoio político.

STJ pode anular ou validar atos processuais

O STJ poderá, segundo a decisão da Justiça de Mato Grosso, ratificar ou anular os atos já realizados até agora, o que pode beneficiar os réus, segundo especialistas. Ainda não há data marcada para julgamento.

Enquanto isso, a Fazenda Bauru segue envolvida em uma teia de ilegalidades, omissões e lavagem de dinheiro, com políticos influentes tentando escapar das consequências de décadas de saque institucional.

Julgamento reacende bate-boca entre Fábio Garcia e Janaína Riva

A retomada do caso reacende também uma polêmica recente entre a deputada Janaína Riva e o secretário-chefe da Casa Civil de Mato Grosso, Fábio Garcia, que em abril protagonizou um bate-boca público com a parlamentar. Após ser criticado por supostamente retaliar deputados na liberação de emendas, Garcia respondeu de forma dura: “Eu não fui criado com dinheiro da corrupção. Fui criado com trabalho honesto e faço disso um valor para minha família.” A frase, embora sem citar nomes, foi interpretada como uma referência direta a José Riva, pai da deputada. A tensão entre os dois ganhou ampla repercussão política e agora volta ao centro das atenções com o julgamento no STJ.

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