Queda do ATR agrava crise entre fornecedores de cana em Alagoas e reacende apelo por ajuda governamental
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O valor líquido do quilo do Açúcar Total Recuperável (ATR) registrou nova queda em novembro, recuando de R$ 1,1830 para R$ 1,1750, conforme dados do Conselho de Produtores de Cana-de-Açúcar e Etanol de Alagoas e Sergipe (Consecana-AL/SE). A retração de 0,68% reforça o cenário de instabilidade que já havia se intensificado em outubro, quando o indicador caiu mais de 12%.
O resultado frustra as expectativas de recuperação e agrava a crise que atinge o setor, especialmente os pequenos fornecedores de cana, que dependem diretamente da remuneração pelo ATR para manter suas atividades.
Pequenos produtores enfrentam cenário crítico
Segundo Edgar Filho, presidente da Associação dos Plantadores de Cana de Alagoas (Asplana), a sequência de quedas no valor do ATR coloca os produtores em situação delicada.
“As usinas enfrentam dificuldades, mas possuem mecanismos de defesa. O fornecedor, por outro lado, depende apenas do valor da matéria-prima para sustentar sua propriedade. Com esses preços e a relação difícil com algumas usinas, há desânimo e risco de perda de produtividade”, destacou.
Edgar alerta ainda que, sem medidas emergenciais, muitos produtores poderão perder parte dos canaviais, agravando a crise no campo.
Setor defende subvenção de R$ 12 por tonelada de cana
Diante da forte retração do ATR e da queda nas cotações do açúcar e do etanol, a Asplana e outras entidades representativas do setor canavieiro no Nordeste articulam junto ao governo federal a aprovação de uma subvenção econômica de R$ 12 por tonelada de cana, destinada aos pequenos fornecedores.
“Sem essa ajuda, o pequeno produtor não sobrevive. O custo de produção está altíssimo, e a subvenção é a única forma de garantir a continuidade da atividade e preservar os empregos que a cana gera em Alagoas e em todo o Nordeste”, afirmou Edgar Filho.
Mais de 60 mil empregos diretos dependem da cana em Alagoas
De acordo com a Asplana, o setor sucroenergético emprega mais de 60 mil trabalhadores diretamente em Alagoas e cerca de 130 mil em todo o Nordeste, representando uma das principais bases econômicas e sociais da região.
“Estamos diante de uma grave ameaça ao futuro da atividade. Há queda de preço, de produtividade e de rentabilidade. Sem apoio, corremos o risco de ver uma quebradeira generalizada”, reforçou o dirigente.
Entidade busca apoio do governo estadual
A Asplana também solicitou uma audiência com o governador Paulo Dantas, com o objetivo de discutir medidas emergenciais de apoio ao setor. Entre as propostas apresentadas estão a concessão de crédito presumido e a distribuição de adubos para pequenos produtores.
“Nosso setor gera emprego e desenvolvimento para Alagoas. É justo que o Estado ajude o fornecedor a superar essa crise com ações concretas”, defendeu Edgar.
Mercado do açúcar e etanol mantém trajetória de baixa
O levantamento do Consecana-AL/SE aponta que apenas o açúcar destinado ao mercado internacional registrou leve alta, passando de R$ 105,77 para R$ 108,43 por saca. Já o açúcar cristal caiu de R$ 136,98 para R$ 127,32, e o açúcar VHP permaneceu estável em R$ 136,93.
No caso do etanol, a tendência negativa se manteve: o anidro caiu de R$ 3,061 para R$ 3,006, e o hidratado, de R$ 2,876 para R$ 2,733. Como resultado, o preço médio do ATR nos produtos ficou em R$ 1,9881, e o acumulado do mês chegou a R$ 2,0141. A tonelada da cana-padrão fechou novembro em R$ 134,05, ligeiramente abaixo do acumulado de R$ 135,81.
Produtores cobram ação imediata
Para a Asplana, a aprovação da subvenção é urgente para evitar o colapso da atividade.
“A cana não pode esperar”, conclui Edgar Filho. “Precisamos de uma decisão rápida para garantir a sobrevivência dos pequenos produtores e preservar milhares de empregos que dependem dessa cultura em Alagoas.”
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio






