Citi avalia que alta do dólar após anúncio da candidatura de Flávio Bolsonaro não deve influenciar decisão do BC em janeiro
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A recente alta do dólar frente ao real, observada desde a última sexta-feira (6) após o anúncio da pré-candidatura do senador Flávio Bolsonaro (PL) à Presidência da República em 2026, não deve alterar a decisão do Banco Central (BC) sobre a taxa básica de juros (Selic) na reunião de janeiro.
A avaliação é do economista-chefe do Citi Brasil, Leonardo Porto, que comentou o tema durante o evento Macro em Perspectiva, realizado nesta terça-feira (9) em São Paulo. Segundo ele, o impacto da valorização da moeda norte-americana deve ser mínimo ou nulo sobre a política monetária de curto prazo.
Efeito cambial recente é considerado pontual
Porto explicou que, na manhã desta terça-feira, o dólar operava em torno de R$ 5,47, enquanto, na reunião mais recente do Comitê de Política Monetária (Copom), o Banco Central considerou uma taxa de câmbio de R$ 5,40 como referência.
“O BC não usa o câmbio do dia da reunião, mas sim a média dos dez dias anteriores”, afirmou o economista. “Pela governança, deve utilizar algo próximo de R$ 5,40. Então, impacto zero”, completou.
Comunicado do Copom será decisivo para as apostas de janeiro
De acordo com Porto, o principal fator que deve orientar as apostas do mercado sobre a decisão de janeiro será o comunicado do Copom que será divulgado nesta quarta-feira (10), ao final da reunião de política monetária.
O mercado financeiro espera unanimemente a manutenção da Selic em 15% ao ano, o maior nível em quase duas décadas. No entanto, os analistas devem observar com atenção o tom do comunicado em busca de sinais sobre o início de um ciclo de cortes.
O Citi projeta uma redução de 0,25 ponto percentual em janeiro, mas Porto ressalta que essa expectativa depende da mensagem do Banco Central. “Pelo texto do comunicado de novembro, há restrição para corte em janeiro, a menos que o cenário mude. Por isso, esperamos alguma alteração na comunicação para justificar a redução”, explicou.
Mercado reage à movimentação política e vê incertezas
Desde o anúncio da pré-candidatura de Flávio Bolsonaro, os ativos brasileiros vêm apresentando volatilidade, com o dólar em alta e elevação nas taxas dos Depósitos Interfinanceiros (DIs).
Segundo analistas, a reação negativa está ligada à percepção de que o nome do senador poderia dificultar a candidatura do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), considerado mais competitivo em um eventual embate com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva nas eleições de 2026.
“O BC não atua sobre questões políticas, mas sim sobre como a política afeta a economia”, destacou Porto.
Cenário econômico mais amplo deve definir Selic de janeiro
Para o economista do Citi, a decisão do Banco Central sobre os juros não dependerá apenas do câmbio, mas sim de uma análise mais abrangente dos indicadores econômicos.
Entre os fatores que podem influenciar um possível corte na Selic no início de 2026, Porto citou o processo de reancoragem das expectativas de inflação apontado pelo Boletim Focus, a desaceleração do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e os sinais de enfraquecimento do mercado de trabalho.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





