Nova recomendação de adubação reduz 70% dos custos no plantio do cajueiro-anão e mantém crescimento das plantas
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Uma nova recomendação de adubação desenvolvida pela Embrapa Agroindústria Tropical (CE) permite que produtores de cajueiro-anão adotem o uso racional de fertilizantes e corretivos, com redução de 70% nos custos na fase de plantio, sem comprometer o desenvolvimento das plantas. A atualização substitui um protocolo de 25 anos e atende à demanda de agricultores cearenses por métodos mais eficientes e sustentáveis.
Segundo o pesquisador Carlos Taniguchi, responsável pelos estudos, a antiga recomendação, baseada em pesquisas com cajueiro-comum e outras frutíferas, não atendia às necessidades específicas do cajueiro-anão.
“Levantamentos junto aos produtores confirmaram a necessidade de adequar as orientações com base nas exigências dessa variedade”, explica Taniguchi.
O que muda na adubação do plantio
A principal alteração é a redução de fertilizantes aplicados por cova. Antes, eram utilizados até 1 kg de superfosfato simples por cova; agora, a dose máxima é de 200 gramas, com calcário aplicado apenas na área total do pomar.
A quantidade de micronutrientes também foi ajustada. Produtos como FTE-BR12, que contêm zinco, boro, cobre, ferro, manganês e molibdênio, passam a ser aplicados conforme a análise do solo, em vez de uma dose fixa de 100 gramas por cova para todos os tipos de solo.
Redução de custos significativa
O novo protocolo gera uma economia aproximada de 70% nos custos de adubação do plantio. Um hectare de cajueiro com espaçamento de 8×8 metros, que antes demandava R$ 520,00 em insumos, agora custa cerca de R$ 138,00, mantendo o mesmo padrão de desenvolvimento das mudas.
Benefícios ambientais e sustentabilidade
Além da economia, a redução no uso de fertilizantes contribui para a sustentabilidade da produção, minimizando riscos de contaminação do solo, águas e alimentos, e preservando a estrutura física e a vida biológica do solo. O manejo mais eficiente favorece também a qualidade dos frutos a longo prazo.
Validação em campo e acompanhamento técnico
Para validar a nova recomendação, Unidades de Observação foram instaladas em cinco municípios cearenses: Fortim, Alto Santo, Ocara, Santana do Acaraú e Cascavel. O acompanhamento, iniciado em março de 2025 e previsto até o final de 2026, realiza avaliações semestrais do crescimento das plantas.
“Os resultados iniciais mostram desenvolvimento adequado das mudas, com menor investimento e uso racional de insumos”, afirma Taniguchi.
Ferramenta digital auxilia na avaliação nutricional
Como parte da pesquisa, foi desenvolvido o aplicativo CND Caju, que interpreta análises foliares e indica o estado nutricional das plantas. Segundo Wiliam Natale, engenheiro agrônomo e bolsista do CNPq, a ferramenta permite identificar desequilíbrios nutricionais que podem prejudicar produtividade e qualidade da produção.
“O equilíbrio entre nutrientes, mais do que a abundância, é o que garante crescimento saudável e alta performance produtiva”, destaca Natale.
Orientações para produtores e Zoneamento Agrícola
A validação e disseminação da tecnologia conta com o apoio da Ematerce, e os agricultores devem seguir análises de solo realizadas por laboratórios credenciados. Além disso, recomenda-se que o plantio seja feito no início da estação chuvosa (outubro a janeiro no Nordeste), conforme o Zoneamento Agrícola de Risco Climático para a cajucultura (Zarc Caju). Essa prática reduz perdas por excesso ou falta de chuva e permite acesso a programas de seguro rural e crédito agrícola.
Continuidade da pesquisa
O acompanhamento do desenvolvimento das plantas deve se estender por pelo menos dois anos, permitindo avaliar produtividade e comportamento do cajueiro-anão sob a nova recomendação de adubação. Estudos contínuos garantem ajustes futuros e aprimoramento da tecnologia.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





