Fim do tarifaço dos EUA traz alívio e expectativa de recuperação para o setor de hortifrútis
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O encerramento do tarifaço imposto pelos Estados Unidos ao Brasil trouxe um importante alívio para o setor de hortifrútis (HF), que foi um dos mais afetados pela taxa adicional de 50% sobre produtos agrícolas. A medida, que vigorou entre agosto e novembro de 2025, provocou queda expressiva nos volumes exportados e nos preços recebidos pelos produtores brasileiros, especialmente de manga e castanha-do-pará.
Segundo dados do Comex Stat, durante os três meses e meio de vigência da tarifa, as exportações de manga para o mercado norte-americano perderam 40% do valor, enquanto os embarques de castanha-do-pará despencaram 94%.
Retomada gradual das exportações e otimismo no setor
Com o fim da sobretaxa em novembro, o setor aposta em uma retomada das exportações e na normalização dos embarques para os Estados Unidos.
De acordo com Renato Francischelli, country director da Ascenza Brasil, a retirada da tarifa abre espaço para a recuperação do comércio bilateral.
“O mercado norte-americano é estratégico para as frutas brasileiras. Sem a sobretaxa, há mais possibilidades de escoamento, preços estáveis e condições de manter a produção. Para muitos produtores, é a diferença entre investir ou recuar”, destacou o executivo.
Manga: volume maior, mas faturamento menor
Entre agosto e outubro de 2025, o Brasil exportou 31,8 mil toneladas de manga para os EUA, um aumento de 41% em relação ao mesmo período de 2024, quando foram enviadas 22,6 mil toneladas. Apesar disso, o valor médio por quilo caiu de US$ 1,30 para US$ 0,78, uma redução de 40%.
Com o preço menor, o faturamento das exportações também caiu: de US$ 29,4 milhões em 2024 para US$ 25 milhões em 2025, mesmo com o maior volume embarcado.
Castanha-do-pará, uvas, café e gengibre também sentiram o impacto
O setor de castanha-do-pará foi um dos mais atingidos pelo tarifaço. As exportações recuaram 94%, passando de 367,6 toneladas entre agosto e outubro de 2024 para apenas 21,6 toneladas no mesmo período de 2025.
As uvas também sofreram forte retração: as vendas caíram 67%, passando de 2,8 mil toneladas em 2024 para 938 toneladas neste ano. O preço médio caiu de US$ 3,77 para US$ 3,23 o quilo, uma desvalorização de 15%.
No caso do café, houve queda de 39,6% em volume exportado, com embarques de 56,6 mil toneladas em 2025, contra 93,7 mil toneladas no ano anterior. Mesmo com preços médios 38% mais altos, o faturamento total caiu de US$ 428,3 milhões para US$ 356,7 milhões.
Já o gengibre registrou redução de 22% em volume e 37% em valor exportado, caindo de 3,6 mil toneladas (US$ 5,4 milhões) em 2024 para 2,8 mil toneladas (US$ 3,4 milhões) em 2025.
Exportadores buscaram novos mercados durante o tarifaço
Mesmo com as restrições impostas pelos EUA, exportadores brasileiros conseguiram manter parte das vendas externas, direcionando embarques para novos mercados na Europa, Ásia e América do Sul.
Segundo Francischelli, essa estratégia foi essencial para evitar excesso de estoques, perdas de produção e rompimento de parcerias comerciais.
“O tarifaço mostrou que o produtor precisa estar preparado para movimentos que fogem à sua eficiência produtiva e que podem alterar repentinamente as condições de acesso aos mercados”, observou.
O executivo destacou ainda que muitos exportadores aceitaram reduzir margens de lucro para preservar sua presença nas prateleiras norte-americanas, considerando a logística estruturada e o câmbio favorável como fatores que ajudaram a sustentar o fluxo de vendas.
Comércio exterior brasileiro mostra resiliência
A tarifa norte-americana entrou em vigor em 6 de agosto e foi revogada em 20 de novembro de 2025. Conforme dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras para os EUA caíram 16,5% em agosto, 20,3% em setembro e 37,9% em outubro.
Apesar disso, o comércio exterior do Brasil como um todo registrou crescimento de 9,1% em outubro, atingindo o maior valor para o mês desde o início da série histórica, em 1989, de acordo com informações da Agência Brasil.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





