Oferta global recorde pressiona preços do trigo e desafia produtores brasileiros, aponta Itaú BBA
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O mais recente relatório “Perspectivas 2025/26”, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, traz uma análise detalhada sobre o mercado de trigo, evidenciando um cenário de pressão nas cotações tanto no Brasil quanto no exterior. Segundo o estudo, a combinação entre produção global recorde, condições climáticas desfavoráveis e valorização do real frente ao dólar deve manter o mercado em ambiente desafiador nos próximos meses.
Colheita brasileira quase concluída, mas qualidade preocupa
Com a colheita praticamente encerrada, o mercado doméstico de trigo manteve trajetória de queda nos preços até novembro de 2025. Apesar da redução na área plantada nesta safra, a produtividade se manteve em bons níveis, e a produção nacional deve encerrar o ciclo apenas 2,6% abaixo da anterior, conforme dados da Conab.
Entretanto, as condições climáticas adversas registradas entre o fim de outubro e início de novembro — com chuvas intensas, granizo e temporais no Rio Grande do Sul e no Paraná — podem resultar em revisões negativas na estimativa final. O impacto mais significativo, segundo o Itaú BBA, recai sobre a qualidade do grão, com relatos de excesso de micotoxina DON, o que pode reclassificar parte da produção para uso em ração animal, reduzindo o valor pago ao produtor.
Oferta global atinge recorde e derruba cotações internacionais
No cenário externo, o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) revisou para cima as projeções de produção mundial de trigo, estimando um recorde de 829 milhões de toneladas em 2025/26, contra 800 milhões de toneladas na temporada anterior. Após quatro safras consecutivas de redução, os estoques globais também devem subir, alcançando 271,4 milhões de toneladas, o que reforça um balanço mais confortável entre oferta e demanda.
Esse aumento de oferta é distribuído entre os principais exportadores globais — União Europeia, Rússia, Canadá, Austrália e Argentina. Esta última, principal fornecedora do Brasil, deve colher 24 milhões de toneladas, conforme dados da Bolsa de Cereales de Buenos Aires, embora existam riscos pontuais de excesso de umidade em algumas regiões produtoras.
Câmbio e importações influenciam o mercado interno
Além do cenário de abundância internacional, a valorização do real frente ao dólar tem favorecido as importações e reduzido a competitividade das exportações brasileiras, pressionando ainda mais as cotações no mercado interno.
Segundo analistas do Itaú BBA, esse movimento torna o trigo importado mais atrativo para moinhos e indústrias, principalmente diante da oferta abundante e dos preços competitivos no mercado externo.
Perspectivas para os próximos meses
O Itaú BBA avalia que o mercado brasileiro de trigo deverá enfrentar um período de ajuste e volatilidade, condicionado por dois fatores principais:
- A dinâmica cambial, que influencia diretamente o custo de importação e a paridade de preços;
- As condições climáticas na Argentina, que podem alterar a oferta regional e o fluxo comercial do cereal.
Em resumo, o relatório indica que o ambiente atual é de pressão nas cotações, com o produtor brasileiro enfrentando menores margens e um cenário global de superoferta. No entanto, a evolução do clima e do câmbio nos próximos meses será determinante para definir o rumo do mercado e as estratégias de originação no país.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





