Açúcar sobe no mercado internacional com foco na Índia, enquanto safra brasileira avança e etanol mantém firmeza nos preços
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Os preços internacionais do açúcar voltaram a subir nesta semana, impulsionados pela expectativa de uma menor oferta global. Analistas da Reuters e do portal Notícias Agrícolas destacam que o movimento é reflexo das discussões no Ministério da Alimentação da Índia sobre o aumento do preço do etanol utilizado na mistura com a gasolina — medida que pode levar as usinas indianas a direcionar maior volume de cana para o biocombustível e reduzir a produção de açúcar.
Com isso, os contratos futuros do açúcar bruto na Bolsa de Nova York (ICE Futures) encerraram a segunda-feira (24) em alta. O vencimento março/26 subiu para 14,82 centavos de dólar por libra-peso, enquanto o contrato maio/26 foi negociado a 14,35 centavos, alta de até 6 pontos. Já nesta terça-feira (25), o mercado manteve o ritmo de valorização, com o contrato março/26 chegando a 14,91 centavos, aproximando-se novamente da marca de 15 centavos por libra-peso.
Em Londres, o açúcar branco também apresentou ganhos. O contrato março/26 foi cotado a US$ 427,50 por tonelada, avanço de 0,61%, enquanto o lote maio/26 atingiu US$ 420,20. O movimento reflete a percepção de um cenário mais apertado na oferta mundial do adoçante.
Exportações indianas limitadas ajudam a sustentar os preços
Outro fator que sustenta o mercado é a decisão do governo indiano, anunciada em 14 de novembro, de permitir a exportação de 1,5 milhão de toneladas de açúcar na safra 2025/26 — volume inferior às expectativas iniciais de 2 milhões de toneladas.
Embora a Índia seja o segundo maior produtor mundial, as usinas locais enfrentam dificuldades para firmar contratos de exportação, já que os preços globais estão abaixo dos domésticos. Segundo informações da Reuters, o açúcar indiano é ofertado a US$ 450 por tonelada FOB, cerca de US$ 25 acima dos valores futuros em Londres. Até o momento, apenas 10 mil toneladas teriam sido contratadas, destinadas principalmente ao Afeganistão e países da África Oriental.
Safra brasileira caminha para o fim com preços pressionados
No Brasil, o mercado interno de açúcar segue pressionado pela oferta elevada. O Indicador CEPEA/ESALQ (Icumsa 130-180, SP) aponta média de R$ 106,00 por saca de 50 kg, valor bem abaixo dos R$ 141,36/saca registrados entre 7 e 11 de abril, no início da safra 2025/26.
De acordo com pesquisadores do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), a maior disponibilidade do produto no mercado à vista tem contribuído para a queda das cotações. No entanto, a menor qualidade da cana-de-açúcar e o crescimento do redirecionamento da matéria-prima para etanol indicam que o cenário pode mudar nas próximas semanas, com provável restrição de oferta futura.
Na segunda-feira (24), o açúcar cristal registrou queda de 0,36%, com a saca de 50 kg negociada a R$ 106,12, ante R$ 106,50 na sexta-feira anterior. No acumulado de novembro, o indicador acumula desvalorização de 6,63%.
Etanol mantém trajetória de alta e reforça perspectiva de oferta mais apertada
Enquanto o açúcar enfrenta pressão no mercado doméstico, o etanol hidratado segue valorizado em São Paulo. O Indicador Diário Paulínia mostrou alta de 0,24% na segunda-feira (24), com o biocombustível negociado a R$ 2.969,50 por metro cúbico, revertendo a queda observada na sexta.
No acumulado da terceira semana de novembro, o etanol hidratado CEPEA/ESALQ alcançou R$ 2,8554 por litro (líquido de tributos), avanço de 1,13% na comparação semanal. Já o etanol anidro subiu 1,05%, cotado a R$ 3,2434 por litro (sem PIS/Cofins).
Com o fim da safra se aproximando e parte da cana sendo direcionada à produção de biocombustíveis, especialistas apontam que o mercado de etanol tende a manter preços firmes, reforçando o cenário de possível redução na disponibilidade de açúcar para exportação.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio






