Daniel Monteiro acusa Abílio Brunini de levar polarização política para escolas em Cuiabá
Vereador afirma que prefeito violou Estatuto da Criança e da Adolescente e Constituição ao expor alunos em discurso político; parlamentar lança desafio público para medir preparo intelectual do gestor Foto: Reprodução
O vereador por Cuiabá Daniel Monteiro (Republicanos) fez duras críticas ao prefeito Abílio Brunini (PL) durante entrevista, acusando-o de desrespeitar leis e transformar escolas em palanque político. Segundo o parlamentar, o gestor municipal “adultiza” crianças e adolescentes ao introduzir a polarização política no ambiente escolar, expondo a imagem de alunos sem a devida autorização dos pais.
Monteiro citou o artigo 17 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que garante o direito à preservação da imagem, identidade e dignidade de crianças e adolescentes, e o artigo 227 da Constituição Federal, que assegura a proteção integral à infância. Para o vereador, ao utilizar o espaço escolar para classificar “como burro quem vota em fulano e inteligente quem vota em ciclano”, o prefeito fere esses dispositivos e desrespeita a função educativa das instituições.
Em tom irônico, Daniel Monteiro comparou a postura de Abílio à de figuras públicas que já se propuseram a testes de conhecimento para provar preparo político. “Já que o prefeito está desafiando todo mundo, coloca ele numa sala para fazer uma prova. Ele escolhe o tema, ele escolhe o que quiser. Se eu não tirar o dobro que ele, eu me aposento”, provocou.
O parlamentar reforçou que a incoerência do prefeito fica ainda mais clara quando se lembra do episódio envolvendo o influenciador Felca. “Ele passou dias falando do vídeo do Felca, dizendo que concordava plenamente que não se deve adultizar as crianças, que o ambiente escolar deve ser preservado da política. Fez questão de postar no Instagram dele, como se fosse o grande defensor da infância. E o que ele faz agora? Justamente o contrário. Ele leva a polarização mais porca para dentro da sala de aula, coloca crianças para ouvir discurso político e ainda as expõe publicamente. Isso não é proteger, é usar a inocência delas como ferramenta de marketing político”, disse Monteiro.
Segundo o vereador, a contradição não é apenas moral, mas também jurídica. “Quando o prefeito se coloca como guardião da infância, mas na prática viola a lei e expõe menores, ele está enganando a população. O artigo 17 do ECA e o artigo 227 da Constituição são claros: a criança tem direito a viver em um ambiente saudável, sem ser transformada em instrumento de disputa ideológica. O que ele fez é grave e precisa ser responsabilizado”, afirmou.
Monteiro também lembrou que, apesar de atacar a rede estadual, Abílio buscou nela soluções para sua própria gestão. “Ele gosta de ironizar a educação estadual, mas foi de lá que trouxe o secretário que está tentando melhorar a educação aqui. Fez o mesmo na saúde. Ele errou nas duas áreas e teve que ir pedir socorro ao governo estadual. Isso mostra que até ele reconhece onde há gestão de verdade”, declarou.
A crítica se soma a recentes debates sobre o papel das escolas diante da crescente influência política no ambiente escolar. Especialistas em educação têm alertado que a introdução de temas político-partidários no cotidiano dos alunos prejudica o processo pedagógico e pode provocar divisão dentro da comunidade escolar. Para Monteiro, o caso em Cuiabá é um exemplo de como “a política mal conduzida pode ultrapassar limites legais e éticos, afetando diretamente o direito das crianças a um ambiente saudável e protegido”.