• 28 de junho de 2025
#Polícia #Redes #Rondonópolis

VIOLÊNCIA SEM FIM

Junho bate recorde de feminicídios em Mato Grosso: 10 mulheres assassinadas em um mês

Número supera todos os meses anteriores; crimes brutais deixam rastro de sangue, dor e 41 crianças órfãs
Foto: Reprodução / Gazeta Digital

O mês de junho de 2025 terminou com uma estatística estarrecedora e trágica: 10 mulheres foram mortas por companheiros ou homens próximos em Mato Grosso, consolidando o mês como o mais violento do ano para as mulheres no estado. Segundo levantamento do Observatório Caliandra, do Ministério Público, 26 feminicídios já foram registrados somente no primeiro semestre, número que já supera períodos inteiros de anos anteriores.

Somente na última semana de junho, seis mulheres foram brutalmente assassinadas, a maioria em seus próprios lares ou por pessoas com quem mantinham relações afetivas. O rastro de violência deixou 41 crianças órfãs, e, segundo o relatório, apenas quatro das vítimas haviam registrado boletins de ocorrência contra seus agressores antes de morrer.

As armas do feminicídio variam, mas a crueldade é constante:

  • 11 vítimas foram esfaqueadas,

  • 9 baleadas,

  • 3 mortas a pancadas,

  • 2 por asfixia,

  • e 1 foi queimada viva.

Casos que chocaram o Estado

No dia 27, Andreia Ferreira de Souza, 31, foi esfaqueada pelo companheiro em Jaciara e morreu após dar entrada em estado gravíssimo na unidade de saúde — com as vísceras expostas. O criminoso, Wanderson Ferreira, foi preso andando pela rua com a faca ainda na mão.

Na véspera (26), em São José dos Quatro Marcos, a adolescente Maryelly Campos, 16, e o companheiro Wallisson Gasques, 25, foram mortos a facadas enquanto dormiam. O autor, Millykovik Pereira, 25, confessou o duplo homicídio por ciúmes e segue foragido.

Em Lucas do Rio Verde, no dia 24, um crime brutal: o engenheiro Daniel Frasson, 36, esfaqueou a esposa Gleici Geraldo, 42, e a filha de apenas 7 anos, antes de tentar suicídio. A menina segue internada em estado grave.

No mesmo dia, em Nova Mutum, Roseni Karnoski, 52, foi morta com um tiro de espingarda pelo marido, Valdecir Karnoski, que alegou acidente, mas caiu em contradição e foi autuado por feminicídio.

No domingo (22), Crisalda Sousa, 32, foi morta a facadas e abandonada atrás de um lote em Alto Boa Vista. No mesmo dia, em Rondonópolis, Maria Selma Rocha, 51, foi morta com golpes de barra de ferro e enterrada no quintal. O assassino filmou o corpo nu da vítima e enviou à ex-esposa como ameaça.

Na cidade de Vera, Paula Santana, 41, morreu após dias internada por ter sido esfaqueada pelo ex-marido, que a atacou por ciúmes.

Em Sinop, o empresário Fábio Santin matou a esposa Janaina Portela, psicóloga, com um tiro na cabeça. Ele tentou forjar a cena para simular suicídio.

No dia 6 de junho, em Ribeirãozinho, Vânia Benini, 38 e grávida de 4 semanas, foi morta pelo amante, Yuri da Silva, por se recusar a abortar. Ele confessou o crime em depoimento.

No dia 4, em Vila Bela da Santíssima Trindade, Maria Inês Farias, 52, foi morta a tiros por dois homens que procuravam seu filho.


Alerta máximo

O avanço brutal dos feminicídios em Mato Grosso acendeu um alerta nas autoridades. Apesar de campanhas de prevenção e canais de denúncia, o número de mortes só cresce — e os motivos são, em sua maioria, ciúmes, separações não aceitas e posse disfarçada de amor.

“São crimes que seguem um padrão trágico: homens que não aceitam o fim do relacionamento e decidem destruir a vida da mulher e, muitas vezes, de toda a família”, lamenta uma promotora do MP-MT sob anonimato.

Enquanto novas medidas de enfrentamento à violência não ganham força efetiva, as mulheres seguem morrendo. E o Estado de Mato Grosso, infelizmente, registra um junho de banho de sangue e dor irreparável.

Junho bate recorde de feminicídios em Mato Grosso: 10 mulheres assassinadas em um mês

Ladrão furta cartão e faz compras por