Investigador Gerson acusa plágio de projeto sobre maus-tratos a animais, mas esquece que o Acre chegou antes — há dois anos
Vereador do MDB se diz “indignado” com suposto plágio da prefeitura, mas ignora que a ideia original não é dele… e nem nunca foi Foto: Reprodução
Um escândalo sem precedentes (na cabeça dele): o vereador Investigador Gerson (MDB), de Rondonópolis, foi às redes sociais se declarar profundamente ultrajado. O motivo? A Prefeitura ousou apresentar uma proposta que, segundo ele, seria um “plágio descarado” de um projeto que ele mesmo havia criado — aquele que impede a contratação de condenados por maus-tratos a animais para cargos públicos. Uma ideia absolutamente inédita… em 2022, no Acre.
Sim, você leu certo. A tão defendida “originalidade” do vereador é, na verdade, um bom exemplo copiado do estado do Acre, onde a Lei nº 3.940 foi sancionada há mais de dois anos e se espalhou pelo Brasil como referência em proteção animal. Mas para Gerson, claro, o pioneirismo nasceu quando sua caneta tocou o papel.
“A prefeitura plagiou meu projeto!”, bradou ele nas redes, seguido de um desfile de hashtags dramáticas como #TransparênciaJá, #NãoAoPlágio e #CausaAnimal — como se a autoria fosse mais importante que a vida dos bichos. O problema é que o “seu” projeto é apenas uma reedição da ideia alheia — e nem mesmo isso o Executivo fez mal: apenas aplicou o que já vem sendo feito em outras cidades.
O drama é maior que o mérito
Talvez o vereador esteja menos preocupado com os animais e mais com os holofotes. Porque, convenhamos, se o problema fosse realmente a causa animal, ele deveria estar comemorando o avanço da pauta — e não brigando para ver quem bateu o carimbo primeiro.
Aliás, vale lembrar que, segundo o próprio texto que circula nos bastidores da Câmara, a proposta de Gerson seguia os mesmos moldes da lei acreana: mesmos critérios, mesmos impedimentos, mesmo tom. Se há plágio, ele começou no gabinete do próprio vereador — só esqueceram de colocar as aspas.
Prefeitura segue tendência nacional (e faz o certo)
A proposta da prefeitura, ao contrário do que prega a gritaria do MDBista, é legítima e está em sintonia com o que já é aplicado em cidades como Uberaba (MG), Barra do Garças (MT) e Sant’Ana do Livramento (RS). Nada mais justo que Rondonópolis também avance nessa pauta — ainda que sem o aval do autor-autoproclamado.
A iniciativa impede a nomeação de qualquer pessoa com condenação transitada em julgado por maus-tratos a animais em cargos comissionados ou efetivos. Ou seja: mais ética no serviço público, menos espetáculo no plenário.
Fica a sugestão: menos hashtag, mais ação
Gerson poderia aproveitar a onda e propor outra coisa realmente original. Porque gritar “plágio!” por uma ideia que já rodou o país é como dizer que inventou a roda porque colocou uma faixa de rodagem nova.
Enquanto isso, os animais agradecem quem está preocupado em fazer o projeto sair do papel — e não quem quer assinar a capa da cartilha.