Cautela e Planejamento São Essenciais para a Safra 2025/26 em Meio a Juros Elevados e Risco de Crédito
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O ambiente político e econômico brasileiro tem gerado grande apreensão, especialmente entre os produtores rurais. Com a elevação da taxa Selic para 14,25% ao ano, o acesso ao crédito se tornou ainda mais oneroso e restrito. A medida, anunciada pelo Banco Central no dia 19 de março, visa conter a inflação persistente e enfrentar o cenário desafiador da economia global.
Além disso, o governo aprovou o Orçamento de R$ 5,8 trilhões para 2025, mas o impacto da taxa de juros elevada já começa a refletir nas dificuldades enfrentadas por produtores, principalmente pequenos e médios, que dependem de financiamentos para custear a safra. O especialista de Mercado de Grãos na Céleres Consultoria, Enilson Nogueira, ressalta que as instituições bancárias estão exigindo mais garantias devido ao aumento da inadimplência e das recuperações judiciais, conforme apontado por dados do Serasa.
Perspectivas de Recuperação
Embora o cenário de inadimplência seja desafiador, alguns fatores indicam que o risco de recuperação judicial pode diminuir no médio prazo. A expectativa de uma safra recorde de soja, estimada em 170 milhões de toneladas, oferece uma perspectiva de recuperação para os produtores, tanto no mercado interno quanto nas exportações. No entanto, Nogueira alerta para os desafios logísticos e de armazenamento que podem impactar a entrega da produção.
Alternativas de Crédito: O Barter como Solução
Com o cenário de crédito mais restrito, uma alternativa para os produtores tem sido a modalidade de negociação conhecida como Barter, que envolve a troca de insumos pela produção. Segundo Vinícius Paiva, especialista de M&A da Céleres, essa prática tem se mostrado uma saída segura diante da instabilidade econômica. O Barter oferece mais segurança para quem financia a produção agropecuária, além de permitir uma gestão mais eficiente de recursos, sem a necessidade de grandes desembolsos financeiros imediatos.
Impacto do Mercado Externo e da Taxa de Câmbio
A projeção de grandes colheitas no Brasil e na América do Sul para a safra 2024/25 prevê estoques globais elevados, o que pode exercer pressão sobre os preços internacionais. A taxa de câmbio, especialmente a cotação do dólar, desempenha um papel crucial na formação das margens de lucro dos produtores brasileiros. Embora o dólar esteja oscilando em torno de R$ 5,70, ele ainda proporciona aos produtores uma vantagem de R$ 15 a R$ 20 por saca de soja, o que contribui positivamente para o equilíbrio das margens.
No mercado de milho, a safra de inverno apresenta incertezas, especialmente em relação às condições climáticas, mas o mercado externo está mais firme. A demanda interna, tanto para usinas de etanol de milho quanto para a produção de alimentos para animais, também limita os estoques, o que indica um cenário mais promissor para o grão em comparação com a soja.
Recomendações para 2025/26
Com tantas incertezas, a orientação dos especialistas da Céleres é que os produtores adotem uma postura mais conservadora, focando em uma gestão rigorosa dos custos e riscos. Para garantir uma boa colheita em 2025/26, algumas dicas são essenciais:
Controle rigoroso do caixa: Utilizar crédito de terceiros apenas quando estritamente necessário.
- Gestão de despesas: Monitorar todos os gastos com precisão, mantendo o controle dos custos.
- Planejamento de novos investimentos: Grandes investimentos, como em infraestrutura ou maquinário, devem ser cuidadosamente planejados.
- Diversificação de fontes de crédito: Buscar alternativas de financiamento para evitar dependência de uma única instituição bancária.
- Aproveitamento do mercado externo: Utilizar a valorização do dólar como uma alavanca para melhorar as margens de lucro.
- Visão holística da gestão: Focar na eficiência técnica e econômica, garantindo uma produção de alta qualidade.
Em um cenário de juros elevados e incertezas econômicas, a cautela e o planejamento serão fundamentais para o sucesso da safra 2025/26.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio