• 30 de março de 2025
#Agronegócio

Perspectivas Modestas para o Impacto Imediato do Acordo do Mar Negro nas Exportações de Alimentos Russos

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Um possível acordo destinado a aliviar as restrições ao acesso da Rússia aos mercados agrícolas internacionais, que foi saudado por Washington e Moscou como um avanço para a segurança alimentar global, provavelmente não resultará em impactos imediatos, afirmaram analistas e fontes do setor nesta quarta-feira. No entanto, o acordo, se concretizado, pode fortalecer as ambições a longo prazo do presidente Vladimir Putin em posicionar a Rússia como uma potência agrícola e gerar um aumento significativo nas receitas cambiais do país.

Nesta semana, os Estados Unidos firmaram acordos separados com a Ucrânia e a Rússia para suspender ataques no Mar Negro, além de interromper os ataques a alvos energéticos. Como parte do entendimento, Washington concordou em ajudar a suavizar algumas sanções ocidentais impostas a Moscou.

Kirill Dmitriev, chefe do fundo soberano da Rússia e enviado especial de Putin para a cooperação econômica internacional, destacou em uma postagem nas redes sociais que o acordo garantiria “suprimentos essenciais de grãos para mais de 100 milhões de pessoas adicionais”. Já um porta-voz da ONU comentou, na quarta-feira, que a medida representaria uma “contribuição crucial para a segurança alimentar global”.

Contudo, Andrey Sizov, da consultoria Sovecon, observou que as exportações russas de grãos e fertilizantes já atingiram níveis recordes durante o conflito com a Ucrânia, sem que incidentes de segurança significativos afetassem a infraestrutura de exportação. “Atualmente, tanto as exportações ucranianas quanto as russas no Mar Negro seguem sem grandes problemas, mesmo sem uma ‘trégua oficial’ ou ‘acordos de grãos'”, comentou Sizov. Para ele, o cenário mais provável é que as exportações continuem como estão, sem grandes mudanças.

Os comerciantes russos e seus parceiros em mercados considerados amigáveis têm conseguido contornar as sanções ocidentais, tratando-as mais como um obstáculo administrativo do que como uma barreira significativa. Em vez de serem impactadas pelas sanções, as exportações russas têm sido limitadas por políticas internas, como a imposição de cotas e taxas de exportação para controlar a inflação doméstica, que supera 10%.

A Rússia, maior exportadora mundial de trigo, reduziu suas cotas de exportação e aumentou as taxas sobre esse produto para evitar uma escalada nos preços internos de alimentos básicos, como o pão. Como resultado, as exportações caíram para 40 milhões de toneladas na temporada 2024/25, uma diminuição em relação aos 55 milhões de toneladas da temporada anterior. O primeiro-ministro Mikhail Mishustin afirmou ao parlamento, na quarta-feira, que essa estratégia visava proteger os interesses dos consumidores russos, destacando os grãos e o óleo de girassol como exemplos.

Embora o acordo no Mar Negro não tenha grandes efeitos no curto prazo, ele pode contribuir para os planos de Moscou de expandir suas exportações agrícolas em 50% até 2030, alcançando novos mercados na Ásia, África e América Latina. As exportações agrícolas representam a segunda maior fonte de receita para o governo russo, atrás apenas do petróleo e gás, setores mais afetados pelas sanções e pelos esforços da Europa em reduzir suas importações da Rússia.

Moscou também tem pressionado para a suspensão das sanções que atingem suas empresas exportadoras, bancos e companhias de navegação, na expectativa de facilitar suas operações comerciais. Um dos principais pedidos da Rússia é a restauração do acesso de seu banco agrícola, o Rosselkhozbank, ao sistema internacional de mensagens SWIFT. Segundo uma fonte do setor, os exportadores russos enfrentam dificuldades de pagamento, já que muitos bancos internacionais, até mesmo em mercados tradicionais como o Oriente Médio, evitam transações com a Rússia. “Os EUA poderiam ajudar a resolver esses problemas de pagamento, além de facilitar a cobertura de seguros para as embarcações que transportam grãos russos”, afirmou a fonte.

Fonte: Portal do Agronegócio

Fonte: Portal do Agronegócio

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