As políticas econômicas adotadas pelos Estados Unidos durante o governo de Donald Trump foram tema de debate no webinar promovido pela Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) na última terça-feira (11). O encontro contou com a participação do consultor estratégico em commodities, Pablo Maluenda, que destacou as incertezas geradas pelo protecionismo americano e os riscos de uma recessão global.

Para o superintendente da Abitrigo, Eduardo Assêncio, compreender os efeitos desse cenário é fundamental para avaliar o futuro da economia mundial. “O mundo parece ter perdido a crença no globalismo. Com isso, figuras como Trump ganham espaço promovendo mudanças significativas na ordem econômica, e surge uma preocupação legítima em entender como essas transformações nos afetam”, afirmou.

Maluenda enfatizou o retorno do slogan “America First”, utilizado amplamente nos anos 1930, antes da Segunda Guerra Mundial. Segundo ele, a mensagem por trás do lema reforça uma política de priorização exclusiva dos interesses americanos, sem considerar o impacto global.

Na avaliação do consultor, essa estratégia pode representar o enfraquecimento da globalização, uma vez que medidas como a imposição de tarifas de importação elevam os custos para consumidores e empresas dentro dos próprios Estados Unidos. “A administração Trump busca conter a inflação sem desencadear uma recessão, mas demonstra pouca preocupação com os impactos dessa política sobre o setor privado”, analisou.

Os Estados Unidos figuram entre os maiores exportadores mundiais de grãos e oleaginosas, movimentando 124 milhões de toneladas de milho, trigo e soja na safra 2023/24. Entretanto, as disputas comerciais com mercados estratégicos, como China, México e Japão, lançam dúvidas sobre a estabilidade das exportações americanas.

Apesar dos desafios, Maluenda destacou que a desvalorização do dólar frente ao dólar canadense pode criar oportunidades para determinados segmentos agrícolas. “O atual contexto econômico exige acompanhamento constante por parte dos agentes do setor”, concluiu.

Fonte: Portal do Agronegócio