Canal do Panamá e a Logística Brasileira: Oportunidade ou Desafio?
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A importância do Canal do Panamá para o comércio global tem sido amplamente debatida, e para o Brasil, essa rota representa uma oportunidade significativa de otimização logística. Segundo Thiago Guilherme Péra, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS), o interesse dos Estados Unidos na retomada da administração do canal reforça sua relevância estratégica, especialmente para o comércio norte-americano, que lidera o volume de cargas transportadas.
Em 2024, o Brasil movimentou 3,4 milhões de toneladas pelo Canal do Panamá, ocupando a 15ª posição no ranking global. O grande atrativo dessa rota para o país está na redução da distância entre os portos do Norte e Nordeste e mercados asiáticos. A viagem entre Belém (PA) e Xangai, por exemplo, soma 20,4 mil quilômetros quando realizada pelo canal, contra 22,4 mil quilômetros via Cabo da Boa Esperança. Essa diferença de 2 mil quilômetros poderia representar menor consumo de combustível e um aumento no número de viagens anuais.
No entanto, essa vantagem logística é neutralizada pelos altos custos da infraestrutura. As tarifas do Canal do Panamá variam entre US$ 80 mil e US$ 300 mil por embarcação, o que limita sua competitividade para a exportação brasileira. Além disso, o volume de grãos transportados pelo Brasil através do canal ainda é reduzido, totalizando 13 milhões de toneladas em 2024, enquanto os Estados Unidos, principais usuários da via, movimentaram 157 milhões de toneladas.
Para o Brasil, tarifas mais acessíveis poderiam impulsionar a exportação de commodities agrícolas via Arco Norte, tornando o país mais competitivo nos mercados asiáticos e na costa oeste dos EUA. Contudo, eventuais restrições de acesso ou aumentos nos custos de passagem podem comprometer a eficiência logística nacional e reduzir sua competitividade no comércio global.
“Certamente, tarifas mais competitivas do Canal podem beneficiar a logística brasileira nos fluxos de importação e exportação, principalmente para o Arco Norte, envolvendo a relação com as regiões do Pacífico e da Ásia. Da mesma forma, restrições de acesso ao uso do Canal pelo Brasil e seus parceiros comerciais podem impactar a competitividade dos custos logísticos”, conclui Péra.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio