Dólar oscila com tensão comercial entre EUA e China e expectativa sobre juros no Brasil
O dólar iniciou o pregão desta terça-feira (4) com volatilidade, alternando entre altas e baixas, em meio às reações do mercado à política monetária brasileira e ao recente desdobramento da guerra comercial nos Estados Unidos.
No cenário interno, investidores analisam a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, realizada na quarta-feira (29), que resultou na elevação da taxa Selic em um ponto percentual, alcançando 13,25% ao ano. O documento, divulgado nesta terça-feira, indica que a inflação deve permanecer acima da meta até junho e ressalta preocupação com o aumento dos preços dos alimentos, que pode se estender ao médio prazo.
No contexto internacional, os mercados globais operam em recuperação após um pregão marcado pela aversão ao risco, provocada pelo anúncio de novas tarifas de importação nos Estados Unidos. A postura mais cautelosa dos investidores diminuiu após o presidente Donald Trump recuar em relação a dois de seus principais parceiros comerciais. Na sexta-feira, ele havia anunciado a imposição de tarifas de 10% sobre produtos chineses e de 25% sobre mercadorias vindas do Canadá e do México. Entretanto, na segunda-feira (3), um acordo com os países vizinhos levou à suspensão das novas tarifas por um mês, em troca do reforço na segurança das fronteiras para conter a entrada de imigrantes ilegais e fentanil nos EUA.
As tarifas sobre a China, no entanto, foram mantidas e passaram a vigorar nesta terça-feira. Em resposta, o governo chinês anunciou tarifas adicionais de 15% sobre carvão e gás natural liquefeito (GNL) dos EUA, além de 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e automóveis, a partir da próxima segunda-feira (10).
O acordo de Trump com México e Canadá trouxe algum alívio ao mercado, que teme um impacto inflacionário nos EUA caso as taxas sejam ampliadas. O aumento nos custos de importação pode se refletir em preços mais elevados para o consumidor, influenciando as decisões do Federal Reserve (Fed), banco central norte-americano, sobre os juros.
Dólar e Ibovespa
No início do pregão, às 09h20, o dólar apresentava leve alta de 0,03%, sendo cotado a R$ 5,8168. Na segunda-feira, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,38%, a R$ 5,8153, acumulando recuo de 0,38% na semana e no mês, e desvalorização de 5,90% no ano.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa de Valores brasileira, iniciou suas operações às 10h. Na véspera, encerrou em queda de 0,13%, a 125.971 pontos, acumulando a mesma perda na semana e no mês, mas registrando um ganho de 4,73% no ano.
Perspectivas para o mercado
A recente flexibilização de Trump nas tarifas impostas ao México e ao Canadá segue reverberando nos mercados. Apesar desse alívio momentâneo, a manutenção das tarifas sobre a China preocupa os investidores, devido ao risco de pressões inflacionárias adicionais nos EUA.
O Federal Reserve tem monitorado esses desdobramentos com atenção. A presidente do Fed de Boston, Susan Collins, declarou nesta segunda-feira (3) que não há urgência para cortes na taxa de juros, uma vez que as tarifas comerciais podem elevar a inflação. Durante esta terça-feira, estão previstos discursos de outros dirigentes do Fed, que podem trazer novas indicações sobre a política monetária futura dos EUA.
Juros mais elevados encarecem o crédito e podem reduzir o consumo, contribuindo para conter a inflação. No entanto, também tornam os títulos do Tesouro norte-americano mais atrativos para investidores, o que tende a fortalecer o dólar e impactar moedas emergentes, como o real. Esse cenário pode gerar reflexos na inflação global, especialmente em países com forte dependência do mercado norte-americano.
Em entrevista à BBC, o analista Paul Ashworth, da Capital Economics, afirmou que, com as novas tarifas impostas pelo governo Trump, a possibilidade de cortes adicionais nos juros norte-americanos nos próximos 12 a 18 meses se tornou improvável.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio