Desafios da Sucessão Familiar no Agronegócio e o Impacto da Inovação Tecnológica
O fenômeno do esvaziamento das áreas rurais, identificado em várias partes do mundo, tem gerado preocupações significativas para a sustentabilidade do agronegócio global. De acordo com a análise do CEO da Broto S.A, José Evaldo Gonçalo, esse processo pode ser observado em regiões agrícolas da Europa, Estados Unidos, África e Ásia. No Japão, por exemplo, a migração dos jovens das pequenas comunidades rurais para as grandes cidades pode resultar no desaparecimento de mais de 800 cidades até 2040. Na Espanha, o declínio de 28% da população rural nas últimas cinco décadas é descrito como o fenômeno da “Espanha vazia”. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante, com uma queda de 33,8% na população rural de 2000 a 2022, em comparação com uma redução global de 19,2% no mesmo período, conforme dados do Banco Mundial.
A Sucessão Familiar e os Desafios no Agronegócio
Tradicionalmente, o agronegócio é uma atividade de caráter familiar. Na União Europeia, mais de 90% das propriedades agrícolas são administradas por famílias, enquanto nos Estados Unidos esse número atinge 98%. No Brasil, as fazendas familiares correspondem a aproximadamente 90% das propriedades rurais produtivas. Contudo, a sucessão familiar no campo enfrenta desafios consideráveis. Segundo o IBGE, apenas 30% das empresas familiares brasileiras conseguem alcançar a segunda geração, e apenas 5% chegam à terceira geração. Situação semelhante é observada nos Estados Unidos e na Europa.
Este fenômeno afeta diretamente a sustentabilidade do agronegócio, um dos pilares da economia mundial. A dificuldade de sucessão é um dos principais obstáculos, com as novas gerações muitas vezes não se interessando pela continuidade dos negócios rurais. Isso se deve, em parte, à percepção de que o campo oferece poucas oportunidades, especialmente quando comparado com o dinamismo das áreas urbanas. Além disso, a complexidade da gestão operacional e financeira das propriedades rurais, que envolvem regulamentações difíceis, altos custos de manutenção e investimentos elevados, torna a sucessão ainda mais desafiadora. Conflitos familiares, também, são uma causa frequente de divisões patrimoniais, dificultando a transição das gerações.
A Digitalização Rural como Solução
Contudo, a digitalização do campo surge como uma ferramenta estratégica para reverter esse quadro. O uso de tecnologias no agronegócio não apenas moderniza a atividade, mas também torna o setor mais atraente para os jovens, oferecendo um ambiente mais dinâmico e eficiente. A digitalização contribui para a percepção do campo como um local de inovação e crescimento, ao mesmo tempo em que preserva a qualidade de vida rural. Estudos indicam que os jovens têm mais disposição para permanecer no campo quando podem integrar tecnologia à prática agrícola ou pecuária.
As possibilidades são vastas: a agricultura de precisão, que utiliza sensores, drones e análise de dados para otimizar a produção e reduzir custos; a conectividade rural, com internet de alta qualidade que permite aos produtores acessar informações e negociar no mercado de forma mais eficiente; a automatização, com tratores autônomos e sistemas de irrigação inteligentes; e o uso de aplicativos e softwares para otimizar a gestão financeira, o controle de estoques e o planejamento de safras, tornando o gerenciamento das propriedades mais profissional e menos desgastante.
O Futuro Promissor do Campo
O esvaziamento do campo e os desafios da sucessão familiar são problemas interconectados que exigem soluções integradas. A digitalização não apenas moderniza o agronegócio, mas também transforma o campo em um local de oportunidades e inovação. Ao adotar tecnologias que aprimoram a gestão e tornam o ambiente rural mais dinâmico, o setor pode garantir sua continuidade e crescimento.
Em última análise, a tecnologia facilita o planejamento sucessório ao promover a transição geracional de forma mais eficiente. Soluções digitais tornam o cotidiano no campo mais atraente para os jovens, incentivando-os a dar continuidade ao legado familiar e a garantir que o agronegócio continue sendo um pilar essencial da economia global.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio