• 29 de janeiro de 2025
#Agronegócio

Argentina reduz impostos sobre exportações agrícolas para enfrentar seca severa

Diante de uma das piores secas recentes e da desvalorização das commodities agrícolas no mercado global, o governo argentino anunciou uma significativa redução nos impostos sobre as exportações de soja, milho e outras culturas. A medida, que busca apoiar os agricultores e estimular as exportações, também reflete a urgência em captar dólares para equilibrar a economia nacional.

O presidente Javier Milei determinou cortes nas tarifas de exportação de farelo e óleo de soja, que passaram de 31% para 24,5%. O imposto sobre vagens de soja não processadas caiu de 33% para 26%, enquanto a tarifa sobre o milho foi reduzida de 12% para 9,5%. Outras culturas, como trigo, cevada e girassol, também tiveram cortes significativos.

Seca acentuada por La Niña

O padrão climático de La Niña, que já havia causado sérios danos à agricultura argentina há dois anos, voltou a trazer preocupações. Apesar das expectativas de um impacto mais brando em 2025, a estação de cultivo começou com períodos prolongados de seca.

Na região agrícola dos Pampas, chuvas irregulares prejudicaram ainda mais o potencial das plantações. A Bolsa de Cereais de Buenos Aires reduziu suas previsões para as safras de milho e soja em 2%, prevendo agora 49,6 milhões de toneladas métricas de soja e 49 milhões de toneladas de milho. Além disso, a área de soja classificada como “em condições ruins ou muito ruins” saltou de 8% para 28% em poucas semanas.

Negociações com o FMI

A redução dos impostos ocorre em paralelo às conversas entre o governo e o Fundo Monetário Internacional (FMI), que busca estabelecer um novo programa para substituir o atual acordo de US$ 44 bilhões. Uma questão central é a reforma cambial, altamente dependente da entrada de dólares provenientes das exportações agrícolas.

A promessa de Javier Milei de eliminar os controles cambiais depende do aumento das reservas internacionais, razão pela qual o apoio ao setor agrícola é estratégico. Embora a redução de impostos seja temporária, com validade até junho, ela coincide com o início da colheita no segundo trimestre, quando o impacto nos mercados globais será mais significativo.

Perspectivas desafiadoras

Analistas apontam que as próximas semanas serão decisivas para a agricultura argentina. A continuidade da seca poderá agravar ainda mais o cenário, com previsões indicando a manutenção de condições climáticas adversas em partes dos Pampas. Enquanto isso, o governo enfrenta o desafio de equilibrar as pressões econômicas e políticas, além de lidar com a lembrança da histórica seca de 2023, cujos efeitos ainda são sentidos no país.

Fonte: Portal do Agronegócio

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