O homem de 51 anos foi atingido por um disparo efetuado por um dos policiais militares que faziam a segurança do ato. Apesar de estar no centro da cidade no momento do protesto, Daniel sequer sabia que a manifestação estava prevista.
Ele trabalha com adesivagem de carros e havia saído para comprar materiais na região onde acontecia a passeata. Em entrevista ao UOL, a filha de Daniel, Evelyn Maria de Sena, disse que o pai tentou se afastar da confusão antes de ser atingido.
“Ele disse que saiu do meio da rua e foi para o canto da calçada, já para sair do meio da confusão e seguir o caminho. Mas, de repente, sentiu a pancada no olho”, relatou Evelyn.
Daniel foi socorrido por pessoas que estavam no local e encaminhado ao Hospital da Restauração. Neste domingo (30/5), foi transferido para uma unidade especializada em oftalmologia. No entanto, apesar do atendimento, já se sabe que ele perdeu a visão de um dos olhos.
Daniele de Sena, que também é filha da vítima, relatou que a família não tem costume de participar de atos políticos e que não gosta de falar sobre o assunto. No momento, eles buscam assessoria jurídica para processar o estado.
“Nós não gostamos de falar de política. Não temos interesse de falar contra ou a favor de Bolsonaro ou de quem quer que seja. Nem sabia de manifestação. E até iria ao centro também. Não fui porque recebi a notícia do ferimento do meu pai”, disse.
Entenda o caso
Além de Daniel, outras duas pessoas também deram entrada no Hospital da Restauração após sofrerem ferimentos durante o ato: Jonas Correia de França e Ednaldo Pereira de Lima. Eles não tiverem as idades informadas.
A vice-governadora de Pernambuco, Luciana Santos (PCdoB), publicou um vídeo em suas redes sociais onde alega que a ação da PM contra os manifestantes não foi autorizada pelo governo do estado. Horas depois do pronunciamento de Santos, o governador Paulo Câmara (PSB) repudiou a ação da polícia e disse que a situação será investigada.
Manifestações
No sábado (29/5), mais de 100 cidades brasileiras e nove países receberam protestos contrários ao governo de Jair Bolsonaro. Manifestantes pediam impeachment do mandatário e melhorias no esquema de vacinação contra a Covid-19.
Além de Recife, São Paulo, Brasília, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Goiânia e Salvador foram algumas das capitais em que houve protestos nas ruas.