Um dos sócios da Semear Comércio, Importação e Exportação de Cereais, principal alvo da Polícia Federal (PF) nesta quinta-feira (22), na 2ª fase da Operação Jumbo, já esteve envolvido num esquema de licitações na Câmara de Vereadores de Cuiabá, e também é suspeito de participar de uma execução na capital, com indícios de “queima de arquivo”.
A Semear Comércio, Importação e Exportação possui duas unidades em Mato Grosso – uma em Campo Novo do Parecis (400 KM da capital), e outra em Várzea Grande, na região metropolitana de Cuiabá, alvo de mandados da Polícia Federal. Ambas possuem como sócio Michel Padilha da Silva, segundo consulta à Receita Federal.
Michel Padilha da Silva foi preso durante a 2ª fase da Operação Jumbo ao tentar escapar da Polícia Federal. Com ele, foram apreendidos R$ 749,9 mil em dinheiro, além de seis armas. Já na Semear, os agentes encontraram barcos, jet-skis, e anotações.
O empresário também é suspeito de ser um dos integrantes do grupo que executou a tiros o também empresário Wagner Florêncio Pimentel, de 47 anos, morto em Cuiabá em fevereiro de 2019. Ele teria agido com a própria ex-esposa da vítima, Keila Catarina de Paula, sua amante, numa suposta ação com indícios de “queima de arquivo”, tendo em vista que Pimentel era apontado como o líder de uma organização criminosa revelada na Operação Crédito Podre.
A ex-esposa de Wagner Florêncio Pimentel contou à PJC que Michel Padilha da Silva a “auxiliou” na regularização de empresas que estavam no nome do suposto líder da organização criminosa e sua então esposa. Porém, quando Keila Catarina de Paula também foi presa, esses processos não foram finalizados. Após deixar a prisão, o casal se separou, momento em que Padilha e a empresária iniciaram um relacionamento amoroso – sem o conhecimento do restante da família.
Conforme as investigações, a operação “Crédito Podre” revelou um esquema de sonegação de ICMS de R$ 140 milhões no comércio de commodities. Empresas de fachadas eram constituídas em nome de “laranjas”, e não possuíam lastro para eventuais execuções fiscais, constituindo crédito tributário fictício, além do chamado “crédito podre”, que jamais seria recuperado pela Fazenda Pública.
Não há informações de que A Semear Comércio, Importação e Exportação, descrita na Receita Federal como um “atacadista de soja” (commoditie do agronegócio), também seja investigada na operação “Crédito Podre”.
Michel Padilha da Silva também foi um dos alvos da operação “Crepúsculo”, da Polícia Judiciária Civil (PJC), que revelou um esquema de fraudes em licitações na Câmara de Vereadores de Cuiabá entre os anos de 2007 e 2008.
De acordo com as investigações, a fraude consistia no pagamento de empresas fantasmas, que retornavam 90% do valor a vereadores e servidores da Câmara de Cuiabá, comandada pelo ex-vereador Lutero Ponce, que também seria o líder da organização criminosa. Os prejuízos aos cofres públicos na época teriam sido de R$ 7,5 milhões.
OPERAÇÃO JUMBO
A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira a 2ª fase da Operação Jumbo, que tem o objetivo de desarticular uma organização criminosa voltada ao tráfico de drogas responsável pela movimentação de vultuosas quantias de dinheiro. Os lucros eram inseridos no sistema financeiro se valendo de postos de combustíveis, mineradora e transportadora.
Os alvos são suspeitos de terem movimentado pelo menos R$ 50 milhões com o esquema. Os policiais cumpriram 23 mandados de busca e apreensão, nove mandados de prisão preventiva, além do sequestro de diversos bens nas cidades de Cuiabá, Várzea Grande, Cáceres, Alta Floresta, Mirassol D`Oeste, Pontes e Lacerda, Palmeira D`Oeste (SP), Boa Vista (RR) e Mucajaí (RR).
Todos os mandados foram expedidos pela 7ª Vara Criminal de Cuiabá. A deflagração da 2ª fase da Operação Jumbo decorreu principalmente das análises dos celulares dos investigados, apreendidos na 1ª fase da operação, notadamente do celular do líder da organização criminosa, tendo sido identificadas outras pessoas físicas e jurídicas atuantes nas práticas criminosas, não reveladas na fase inicial das investigações.
Quatro postos de combustíveis foram sequestrados por determinação judicial nas duas fases da operação. Os investigados nessa 2ª fase da Operação Jumbo poderão responder pelos crimes de lavagem de capitais (art. 1º, caput, da Lei nº 9.613/98) e organização criminosa (art. 2º, caput, da Lei nº 12.850/13), cujas penas somadas podem ultrapassar 18 anos de prisão. As investigações e diligências contra o tráfico de drogas continuam, com especial atenção à prisão das lideranças e à descapitalização de organizações criminosas.
Fonte: Folha Max