O juiz da 7ª Vara Criminal de Cuiabá, Jean Garcia de Freitas Bezerra, negou revogar a prisão de W.M.S., apontado como chefe de uma quadrilha especializada em roubar carros de luxo em Cuiabá e Várzea Grande, cujo esquema foi desbaratado pela Polícia Judiciária Civil, por meio da Operação Imperial. O magistrado citou que o réu possui extensa ficha criminal, com condenações por diferentes crimes.
A decisão é da última sexta-feira, 29. “Assim sendo, em que pese os argumentos expendidos pela douta defesa e lapso temporal decorrido desde a prisão do réu, a gravidade concreta dos crimes, em tese, praticados por integrante de organização criminosa, mormente os inúmeros roubos com emprego de arma de fogo e violência, aliados às demais circunstancias narradas, demonstram a necessidade da imposição da prisão”, fundamentou.
Freitas citou que na ficha criminal de W.M.S. consta passagem por tráfico de drogas, associação para o tráfico de drogas, violência doméstica e corrupção ativa. Segundo o juiz, as condenações do réu ultrapassam 16 anos de prisão.
Ele ainda citou que o cometimento de crimes durante o período de cumprimento de pena revela o descaso de W.M.S. pela Justiça. Analisando todo o conjunto, o magistrado concluiu que substituir a prisão preventiva por outra medida cautelar não se mostra eficaz.
Ao ingressar com o pedido, a defesa de W.M.S. alegou que não existem requisitos para a Justiça mantê-lo preso. Segundo os advogados, não existe violação à ordem pública, conveniência da instrução criminal ou aplicação da lei. A defesa também alegou que seu cliente já preenche os requisitos para concessão de medidas cautelares.
De acordo com as investigações, os membros da organização criminosa tinham papéis bem definidos. Eles se dividiam em prática dos roubos e apoio logístico.
Esse segundo, por sua vez, consistia em prestar toda a base de sustentação para o esquema, inclusive com aluguel de imóveis para guardar os veículos roubados. Esses carros tinham suas placas adulteradas, documentos falsificados e, por fim, eram revendidos na internet, em sites de compra e venda, como o OLX.
W.M.S. era investigado desde 2019 pela Delegacia de Repressão a Roubos e Furtos de Veículos Automotores Derfva). Os indícios de seu envolvimento se tornaram mais fortes em 2021 e 2021, quando a polícia identificou que alguns dos carros roubados pertenciam à sua empresa.
As investigações foram reforçadas por relatórios do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), que apontaram que W.M.S. apresentava movimentação incompatível com sua renda declarada. Outros dois réus, E.S.T.J. e R.S.M., também foram alvo dos relatórios do Coaf.
Entre janeiro de 2018 e setembro de 2019, W.M.S. movimentou R$ 3 milhões em créditos. Desses, 20% não foram identificados. “No mesmo sentido, o Relatório Técnico 036/2021, demonstrou uma evolução patrimonial de W.M.S. que é incompatível com a atividade licitamente declarada, havendo elementos informativos relacionados à utilização e laranjas”, citou o magistrado também.
Além disso, W.M.S. foi apontado como líder da organização por outro réu em depoimento, no qual confirmou sua participação em diversos eventos criminosos relacionados à organização. Segundo este cúmplice, a liderança era dividida entre W.M.S. e J.P.S., que articulavam os crimes e recrutavam criminosos para praticar os roubos, fornecendo armas de fogo e todos os demais procedimentos.
W.M.S. foi preso temporariamente em 20 de agosto do ano passado e, posteriormente, teve a prisão convertida em preventiva.
Fonte: Folha Max