Exportações de café têm queda em volume, mas receita cresce com preços elevados; clima e safra vietnamita pressionam cotações globais
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As exportações brasileiras de café registram desempenho misto na safra 2025/26, com queda no volume embarcado, mas alta significativa na receita, segundo dados do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé) analisados pelo Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Entre julho e novembro, o Brasil exportou 17,43 milhões de sacas de 60 kg, o que representa retração de 21,7% em relação ao mesmo período da temporada passada. Apesar disso, a receita acumulada somou US$ 6,72 bilhões, um crescimento de 11,6% na comparação anual, impulsionada pelos altos preços internacionais do grão.
De acordo com pesquisadores do Cepea, a redução no volume exportado está associada à queda nos embarques para os Estados Unidos, principal destino do café brasileiro. O fator decisivo foi a tarifa imposta pelo governo norte-americano às importações do Brasil, vigente entre agosto e novembro de 2025, além da menor oferta interna de café e da demanda enfraquecida por conta dos preços elevados.
Mercado internacional de café opera em baixa com foco no clima e na oferta
Enquanto o Brasil registra ganhos em receita, o mercado global de café opera sob pressão. As cotações do arábica e do robusta recuaram nas principais bolsas internacionais na manhã desta quarta-feira (17), refletindo o avanço da safra vietnamita e a previsão de chuvas nas regiões produtoras brasileiras.
Segundo o Escritório Carvalhaes, a entrada da nova safra de robusta do Vietnã e as expectativas de aumento das precipitações em Minas Gerais e São Paulo têm derrubado os preços nas bolsas de Nova York e Londres, reduzindo o ritmo dos negócios no mercado físico brasileiro.
Safra recorde do Vietnã amplia pressão sobre os preços
O Escritório Nacional de Estatísticas do Vietnã informou que as exportações de café do país cresceram 39% em novembro de 2025, totalizando 88 mil toneladas. No acumulado de janeiro a novembro, as vendas externas vietnamitas atingiram 1,398 milhão de toneladas, aumento de 14,8% frente ao ano anterior.
A Bloomberg destaca ainda que a produção vietnamita na safra 2025/26 deve ser 10% maior que a anterior, o que amplia a oferta global e reforça o movimento de queda nas cotações.
Um relatório do Itaú BBA projeta para o próximo ano recuperação significativa da produção de café arábica e estabilidade ou leve retração na safra de robusta, o que resultaria em um superávit global de aproximadamente 7 milhões de sacas entre produção e consumo.
Queda nas cotações em Nova York e Londres
Perto das 10h (horário de Brasília) desta quarta-feira, o café arábica registrava queda de 840 pontos, cotado a 379,30 cents/lbp no contrato de dezembro/25. No vencimento de março/26, a cotação recuava 95 pontos, para 351,15 cents/lbp, e o de maio/26 caía 90 pontos, negociado a 335,60 cents/lbp.
Já o robusta apresentava perdas entre US$ 48 e US$ 62 por tonelada, com o contrato de janeiro/26 cotado a US$ 3.887/tonelada e o de maio/26 a US$ 3.706/tonelada, segundo dados do mercado internacional.
Chuvas devem impactar cafezais do Sudeste brasileiro
De acordo com o Climatempo, uma frente fria avança pelo oceano na altura da costa Sudeste desde terça-feira (16), canalizando umidade e provocando chuvas intensas e persistentes nas principais regiões produtoras de café, especialmente Minas Gerais e São Paulo.
As condições devem se manter até o final da semana, quando a instabilidade começa a perder força, reduzindo gradualmente o volume de precipitações. Apesar de trazer alívio hídrico aos cafezais, o excesso de chuva pode atrasar colheitas e impactar a qualidade dos grãos, fatores acompanhados de perto por produtores e exportadores.
Cenário misto: alta na receita, mas desafios no mercado global
O desempenho atual do café brasileiro reflete um cenário de contrastes: enquanto o país fatura mais com preços valorizados, enfrenta redução no volume exportado e um mercado internacional pressionado pela maior oferta e instabilidade climática.
A tendência, segundo analistas, é de volatilidade nas cotações nas próximas semanas, até que haja maior clareza sobre a safra 2025/26 do Vietnã e os impactos do clima no Brasil, dois fatores determinantes para o equilíbrio global entre oferta e demanda do grão.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio






