Era um fim de tarde de domingo, quando um motorista alcoolizado, em alta velocidade, tirou a vida dos irmãos Katherine Louise Bittencourt, 19, e Diego Guimarães Bittencourt, 14. O trágico acidente ocorreu na porta da casa das vítimas, no dia 18 de novembro de 2007, em Poconé (104 km a sul da Capital).
Os jovens, que tinham acabado de voltar de um almoço com o pai, estavam encostando no meio fio com a motocicleta no momento em que o pecuarista Celzair Ferreira de Santana, embriagado e dirigindo a 134 km/h na via que tinha velocidade limitada a 40 km/h, provocou o acidente que arremessou os dois irmãos. Ambos morreram ainda no local.
Rosinéia Guimarães, mãe dos jovens, estava sentada na área da casa à espera dos filhos e presenciou o acidente. O motorista abandonou o carro após bater em um poste, na mesma rua, e fugiu a pé, sem prestar socorro.
Desde a data, família dos irmãos sofre com o duplo homicídio. Abalada com a morte dos dois únicos filhos, a mãe decidiu se matricular no curso de Direito para entender mais sobre leis e decidir qual direção tomaria para buscar justiça. “Eu precisava buscar informação para entender o processo, eu ia até o fórum de Poconé e não podia ter acesso, eles me diziam para contratar um advogado e, na época, eu não tinha poder aquisitivo para isso. Então, eu resolvi estudar, porque deixar do jeito que tava eu não podia”, explicou.
Junto com eles morreram sonhos e objetivos de uma vida que os jovens almejavam ter. A mãe deles relembrou os desejos que os filhos tinham para o decorrer da vida.
Katherine terminaria seu curso de Engenhearia Sanitária e ambiental em dezembro de 2007. Já Diego estava finalizando o ensino médio, havia passado no teste do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT) e tinha como sonho ser juiz.
“Ele tinha o desejo de contribuir para a mudança do mundo. Ele dizia que as pessoas precisavam aprender a ter mais amor e união”, explicou a mãe.
O crime que completa 15 anos ainda não teve um desfecho. Essa semana o júri foi adiado pela 4° vez. Como das últimas duas vezes em que o julgamento foi marcado, o pecuarista apresentou um atestado médico. Agora, o laudo informa que ele irá passar por análise clínica no Hospital Sírio Libanês, onde está internado desde o dia 27. O documento foi levado ao juízo 3 dias antes do julgamento.
Para Rosinéia, o acusado inventa “doença” toda vez que tem a audiência. O que ela acha “um absurdo”, pois precisa ficar à disposição do quadro de saúde do réu para que o caso seja finalmente finalizado. ‘Ele fica doente toda vez, para mim ele programa a doença, não é possível. O júri marcado para o dia 30 e ele fica doente no dia 27? E eu fico com a cara de idiota, né ?”, indagou em tom de revolta.
Mais uma vez, com o desejo de que a justiça finalmente seja feita, familiares das vítimas realizaram um ato cobrando celeridade do Judiciário no caso, na manhã de quinta-feira (30), na frente do Fórum de Cuiabá. Em meio a cartazes, a família mostrou toda a insatisfação e revolta com a demora para solucionar o crime que matou dois jovens que estavam na flor da idade e tinham uma vida pela frente.
“Nós estamos presos nisso e não teremos paz até que seja resolvido e o responsável pelos assassinatos seja preso. Ele matou duas pessoas e transita como quer, faz o que quer, quem ta presa sou eu”, indagou a mãe com revolta.
O processo que era da comarca do município de Poconé foi transferido para Cuiabá e é presidido pela juíza Mônica Catarina Perri Siqueira. O caso ainda não tem uma data marcada para ser encerrado, pois até o momento não foi definido uma nova data para o júri popular.
Fonte: Folha Max