Falta de liquidez trava mercado do feijão e impede formação de preços no Brasil
Foto:
O mercado brasileiro de feijão carioca encerrou a semana praticamente paralisado, com liquidez mínima e negócios escassos, segundo análise da Safras & Mercado.
De acordo com o analista Evandro Oliveira, os preços permaneceram apenas nominais, sem sustentação em operações reais, refletindo um cenário de estagnação no setor.
A principal causa da retração foi o afastamento das indústrias e empacotadoras do mercado spot. As empresas atuam apenas com entregas previamente contratadas, sem necessidade de novas compras, o que retirou o principal motor de demanda do sistema e deixou o produtor sem canais ativos de escoamento.
Estratégias de sustentação de preços fracassam
Nos últimos dias, corretores tentaram sustentar os preços com base em uma suposta escassez física de produto, mas o movimento não encontrou resposta dos compradores.
“O mercado inverteu o jogo: agora são os compradores que recebem ofertas, enquanto os vendedores aguardam propostas”, explica Oliveira.
Mesmo os grãos de alta qualidade (nota 9) permaneceram encalhados, com pedidas em torno de R$ 250 por saca, sem compradores interessados.
Os últimos negócios realizados, entre R$ 205 e R$ 225 por saca, servem apenas como referência histórica, já que não refletem mais as condições reais do mercado.
Feijão preto enfrenta colapso nas cotações e margens no limite
O mercado do feijão preto também vive um momento crítico, com negociações praticamente congeladas e liquidez próxima de zero.
“Em alguns dias, nem mesmo ofertas foram apresentadas pelos corretores, um sinal claro de paralisia total”, destaca o analista da Safras & Mercado.
As cotações permanecem apenas nominais, variando entre R$ 115 e R$ 165 por saca (CIF São Paulo). Mesmo o produto beneficiado e de melhor qualidade enfrenta grande dificuldade de escoamento, sendo negociado a R$ 175 por saca, valor considerado insuficiente para reaquecer a oferta ou a demanda.
Estoques altos e preços abaixo do mínimo oficial
O setor enfrenta estoques elevados, escoamento lento e baixo giro no varejo, enquanto as indústrias não conseguem repassar custos.
A situação é agravada pelo fato de que, desde abril, as cotações médias no Paraná permanecem abaixo do preço mínimo oficial de R$ 152,91 por saca, o que tem comprometido diretamente as margens dos produtores.
Segundo Oliveira, o ajuste de mercado vem ocorrendo de forma forçada, com produtores reduzindo a área plantada por inviabilidade econômica.
“O Paraná já confirma uma queda de 38% na área da primeira safra 2025/26, podendo chegar a 50% no feijão preto”, relata o analista.
O movimento reflete uma tentativa de reequilíbrio da oferta, não por recuperação do consumo, mas pela necessidade de conter prejuízos em um cenário de margens cada vez mais estreitas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





