Itaú BBA prevê 2026 com margens pressionadas, juros altos e forte dependência do clima para o agronegócio
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O agronegócio brasileiro deverá enfrentar um ano de 2026 desafiador, marcado por custos elevados, margens comprimidas e forte dependência do clima, segundo avaliação do Itaú BBA. As projeções foram apresentadas pelo chefe da consultoria agro do banco, Cesar de Castro Alves, durante análise sobre o cenário econômico e as perspectivas para o setor.
Custos elevados e juros altos devem continuar pressionando o setor
De acordo com o Itaú BBA, o ambiente de negócios para o agronegócio permanecerá sob pressão, com juros altos tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos e preocupação crescente com os custos de produção.
“Nós tivemos um ano muito difícil no agro, com preços pressionados e custos elevados, e o cenário para 2026 não deve ser muito diferente”, destacou Alves.
O executivo afirmou que o ciclo de juros e câmbio será determinante para o desempenho das margens no próximo ano. Segundo projeções do banco, o dólar deve encerrar 2025 a R$ 5,35 e subir para R$ 5,50 no fim de 2026, refletindo um cenário de instabilidade e incerteza eleitoral.
“O câmbio em ano eleitoral é sempre mais volátil e difícil de prever”, alertou.
Selic elevada dificulta acesso ao crédito rural
No cenário doméstico, o Banco Central deve manter os juros em patamar alto por mais tempo, o que continua sendo um dos principais entraves para o agronegócio.
O Itaú projeta que a taxa Selic termine 2026 em 12,75%, mesmo com a expectativa de cortes graduais ao longo do ano. Atualmente, o mercado trabalha com a possibilidade de taxas de financiamento agrícola próximas a 15%, o que eleva o custo do capital e reduz a competitividade do setor.
“O custo do dinheiro está muito alto, e isso é um grande complicador para o agronegócio brasileiro”, avaliou o economista.
Moeda forte e custos de insumos afetam margens do produtor
Outro ponto de preocupação é a valorização das moedas estrangeiras frente ao real, combinada a custos de fertilizantes ainda sensíveis e preços internacionais estáveis.
Essa conjuntura tende a reduzir a rentabilidade das principais culturas agrícolas, já que os produtores enfrentam gastos elevados, preços de venda sem grandes avanços e encargos financeiros expressivos.
“As margens devem cair na maior parte das culturas, refletindo o tripé de custos altos, preços estáveis e juros elevados”, afirmou Alves.
Produção global elevada limita reação dos preços agrícolas
Mesmo com perspectivas de boa produção interna, o banco alerta que o excesso de oferta global limita qualquer reação significativa nas cotações internacionais.
“É improvável que tenhamos uma melhora substancial dos preços agrícolas em 2026”, disse o especialista.
O relatório destaca ainda que grãos como soja e milho devem continuar com preços ajustados à média internacional, sem impulso significativo de valorização.
Clima irregular e La Niña elevam incertezas para 2026
O atraso das chuvas em algumas regiões e o retorno do fenômeno La Niña adicionam riscos climáticos ao cenário. De acordo com Alves, culturas como café, laranja e cana-de-açúcar já sentem os efeitos da irregularidade climática.
“Não dá para dizer que está tranquilo. Ainda esperamos boas safras, mas dependemos muito de que as previsões de chuva se confirmem”, ressaltou.
No Rio Grande do Sul, que sofreu com eventos climáticos recentes, o banco considera o quadro “ainda de atenção”, embora os mapas meteorológicos indiquem melhora em relação a anos anteriores.
Perspectiva geral: ano de cautela e gestão de riscos
O Itaú BBA avalia que 2026 será um ano de ajustes e cautela para o agronegócio, exigindo planejamento financeiro, gestão de riscos climáticos e maior eficiência operacional para enfrentar as pressões sobre custos e margens.
A recomendação é que produtores busquem otimizar o uso de crédito, diversificar fontes de receita e investir em tecnologias de manejo que reduzam a exposição às oscilações do mercado e do clima.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





