Orçamento 2026: Por que as empresas precisam redobrar a atenção ao cenário de crédito e juros no Brasil
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O último trimestre do ano marca um período decisivo para as empresas brasileiras: a elaboração do orçamento de 2026. Mais do que um exercício de projeção numérica, o orçamento precisa refletir a realidade econômica — e em 2026 essa realidade exigirá atenção redobrada.
Dois fatores centrais devem orientar as discussões estratégicas: o patamar elevado da taxa de juros e o endurecimento dos critérios de concessão de crédito por parte das instituições financeiras. Ambos afetam diretamente a capacidade de investimento, o custo do capital e a dinâmica do consumo.
1. O peso dos juros: segunda maior taxa real do mundo
O Brasil segue entre os países com maior taxa de juros real, hoje a segunda mais alta do planeta. Esse patamar tem efeitos relevantes e imediatos tanto para empresas quanto para consumidores:
Para as empresas
Além disso, juros altos pressionam as despesas financeiras, que precisam ser projetadas com rigor no orçamento — qualquer subestimação pode corroer a lucratividade e comprometer o resultado operacional.
Para os consumidores
Com financiamentos mais caros, o consumo a prazo — especialmente de bens duráveis — desacelera. A retração no consumo afeta diretamente as receitas das empresas, o que reforça a importância de considerar elasticidade de demanda, prazos de recebimento e estratégias comerciais mais conservadoras no orçamento.
2. Acesso ao crédito: instituições financeiras mais criteriosas
O segundo ponto crítico para o planejamento de 2026 é o endurecimento do processo de análise e liberação de crédito.
Esse movimento não ocorre por acaso. Ele é consequência de uma combinação de dois indicadores preocupantes:
Para empresas
Empresas com gestão financeira desestruturada sentirão mais dificuldade — e pagarão mais caro pelo mesmo capital.
Para as famílias
O resultado é um cenário mais travado tanto para financiar investimentos produtivos quanto para estimular vendas via crédito ao consumidor.
3. Por que isso precisa entrar no orçamento de 2026?
Ao construir o orçamento, é fundamental que empresas adotem uma postura realista, prudente e orientada por dados.
Alguns pontos merecem atenção especial:
✔ Projeção de despesas financeiras com base em juros elevados
Considerar não apenas a taxa vigente, mas cenários alternativos.
✔ Revisão da política de crédito a clientes
Com maior inadimplência e crédito restrito, vender a prazo exige mais rigor.
✔ Mapeamento de fontes de financiamento
Buscar alternativas como:
✔ Revisão dos investimentos
Projetos de alto CAPEX precisam ser reavaliados à luz do novo custo de capital.
✔ Fluxo de caixa mais conservador
Caixa forte será diferencial competitivo em 2026.
Conclusão
O planejamento orçamentário de 2026 não pode ignorar que estamos diante de um ambiente com juros altos, crédito mais restrito e inadimplência elevada. Empresas que incorporarem esse cenário ao processo decisório terão maior capacidade de adaptação, preservação de margem e sustentação do crescimento.
Mais do que nunca, gestão financeira sólida, profissionalização e análise de cenários são imperativos estratégicos.
* Alexsandro Silva é economista






