• 10 de outubro de 2025
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POLÍCIA

Na TV, quem matou Odete Roitman; em Rondonópolis, quem mandou matar Terezinha do Sanear?

O remake de “Vale Tudo” reacende a pergunta que parou o Brasil em 1988 — e lembra que, na vida real, Rondonópolis ainda espera respostas sobre o assassinato de Terezinha Silva de Souza, a Terezinha do Sanear.
Foto: Fotomontagem NMT

O Brasil inteiro voltou a perguntar “quem matou Odete Roitman?”. A cena mais emblemática da teledramaturgia nacional, que marcou o fim da novela Vale Tudo em 1988, ganhou uma nova versão em 2025. Agora estrelada por Débora Bloch, o remake devolve ao público um dos maiores mistérios da TV — e transforma as redes sociais em um tribunal popular, onde milhões de brasileiros especulam, comentam e criam teorias sobre o crime que voltou a parar o país.

Mas enquanto a ficção reacende a memória coletiva, Rondonópolis convive com uma história que nunca teve desfecho. O assassinato de Terezinha Silva de Souza, a Terezinha do Sanear, permanece como uma ferida aberta — uma trama real, sem roteiro, sem vilão declarado e, sobretudo, sem justiça completa.

Terezinha era servidora de carreira e diretora do Serviço de Saneamento Ambiental de Rondonópolis. Técnica, respeitada e firme nas decisões, era conhecida por cobrar resultados e por atuar com rigor em um setor sensível — o abastecimento de água e o tratamento de esgoto da segunda maior economia do estado de Mato Grosso, base essencial para a saúde pública e para o desenvolvimento urbano. Na manhã de 15 de janeiro de 2021, a caminho do trabalho, ela foi executada a tiros em plena luz do dia.

O crime abalou a cidade. As investigações apontaram a participação do ex-policial militar Edvan de Souza Santos, que pilotava a moto usada na emboscada. Ele foi preso e condenado. Mas, desde então, a pergunta que ecoa nas ruas é a mesma: quem mandou matar Terezinha?

Na TV, a morte de Odete Roitman é o ponto alto do entretenimento. No caso Terezinha, é o símbolo de uma realidade que o Brasil insiste em esquecer. Ambas as histórias envolvem mulheres fortes, de pulso firme e personalidade marcante — cada uma, à sua maneira, confrontando estruturas de poder. Odete representava a elite sem limites; Terezinha, a servidora pública que acreditava na integridade da gestão. Uma foi morta pela ganância fictícia de seus rivais; a outra, pelo silêncio real de quem temia o poder que ela simbolizava.

Enquanto o público se diverte com as teorias sobre o novo “quem matou Odete Roitman?”, Rondonópolis vive uma versão amarga da mesma história: a de um assassinato por encomenda que, quatro anos depois, ainda não apontou o mandante. O tempo passou, os autos do processo se arrastaram, e o nome por trás do crime segue guardado sob o véu da impunidade.

O paralelo é inevitável. Na novela, o país assiste ao crime e, semanas depois, descobre o culpado. Na vida real, a cidade observa o mesmo roteiro de dor e mistério, mas sem o conforto de uma resposta final. A ficção entrega justiça dentro do cronograma da audiência. A realidade entrega o esquecimento, o medo e o silêncio institucional.

Terezinha não era uma personagem. Era uma mulher de carne e osso, que acreditava que o serviço público podia ser exercido com decência. A diferença é que, na televisão, o país tem roteirista; na vida real, o Brasil tem histórias que o tempo tenta apagar.

O remake de Vale Tudo desperta lembranças e debates sobre poder, ética e ambição. Mas, em Rondonópolis, a reflexão é mais dolorosa: enquanto o público pergunta “quem matou Odete Roitman?”, uma cidade inteira ainda quer saber quem mandou matar Terezinha do Sanear. E talvez, até que essa resposta apareça, o capítulo final da vida real continue em aberto.

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