Milhares de caminhões cruzam diariamente as rodovias de Mato Grosso carregando a produção agrícola do estado. Entre elas, a BR-163 é a mais estratégica: rota da soja, do milho e de outros grãos rumo a portos e centros de distribuição que abastecem o mercado global. Agora, a duplicação da rodovia — aguardada há anos por produtores e caminhoneiros — começa a mudar o cenário do transporte no estado.

De acordo com David Carpezani Filho, coordenador de operações da concessionária Nova Rota do Oeste, cerca de 2 a 3 mil caminhões seguem diariamente em direção ao Porto de Miritituba (PA). “A duplicação é essencial para garantir o futuro da produção e do transporte”, afirma.

O plano de investimento, estimado em R$ 9 bilhões, é financiado pelo Governo de Mato Grosso, pelo BNDES e pela arrecadação de pedágios. A primeira grande entrega está prevista para o próximo ano, com a duplicação completa do trecho entre Posto Gil e Sinop.

A estrutura já impressiona: são 18 bases operacionais, nove praças de pedágio, cerca de 500 câmeras de monitoramento e apoio da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Segundo o diretor de operações e tecnologia da concessionária, Wilson Ferreira Medeiros, a malha logística será acompanhada por tecnologia de ponta.

Para quem atua diretamente na rodovia, os resultados já são visíveis. O médico socorrista Rodrigo Mustafa de Albuquerque, com 11 anos de experiência em resgates na BR-163, relata que houve redução significativa de acidentes nos trechos duplicados. “As ambulâncias têm equipamentos avançados para manter pacientes vivos até o hospital. É gratificante ver esse avanço”, destacou.

O impacto também chega aos trabalhadores da obra. Fábio, operador de máquinas, conta que o emprego proporcionado pela duplicação está ajudando a custear seus estudos em licenciatura.

Segundo José Aparecido dos Santos, presidente do conselho de administração da Nova Rota do Oeste, a BR-163 é vital para o agronegócio. Além da infraestrutura viária, está em implantação a tecnologia 4G ao longo da rodovia, garantindo internet e comunicação em tempo real.

Para Carpezani, a duplicação projeta um futuro de maior eficiência: “Em pouco tempo, a maior produção nacional será transportada com segurança, sem perdas de patrimônio ou de produto”.