Com 17 votos favoráveis, Câmara aprova projeto que liquida a Coder; SISPMUR anuncia ações na Justiça
Prefeitura poderá contrair empréstimo de até R$ 30 milhões para quitar salários; servidores prometem resistência no Judiciário Foto: NMT
A Câmara Municipal de Rondonópolis aprovou, na tarde desta quarta-feira (16), o Projeto de Lei Complementar nº 067/2025, que trata da liquidação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Rondonópolis (Coder). A proposta, enviada em regime de urgência pelo prefeito Cláudio Ferreira (PL), recebeu 17 votos favoráveis e apenas quatro contrários.
Votaram contra o fechamento da Coder os vereadores Junior Mendonça (PT), Vinicius Amoroso (PSB), Mariúva da Saúde (MDB) e Dr. Manoel (União Brasil).
Com a aprovação, o município dará início aos trâmites administrativos para encerrar oficialmente as atividades da companhia, que há anos enfrenta dificuldades financeiras e operacionais. A proposta é defendida pela atual gestão como uma medida de contenção de gastos e reestruturação da máquina pública.
O presidente da Câmara, vereador Paulo Schuh (PL), afirmou que o foco agora deve ser o amparo aos trabalhadores atingidos. Segundo ele, a empresa acumulou dívidas ao longo de sucessivas administrações, deixando um passivo considerado insustentável.
“A preocupação agora são os quase 600 servidores. A Coder acumulou dívidas há várias gestões, principalmente nos dois mandatos anteriores, que respondem por mais de 80% do rombo. Infelizmente, estourou na gestão do prefeito Cláudio Ferreira, que teve a sensibilidade de apresentar esse projeto. Não dá pra investir dinheiro bom em cima de dinheiro ruim. Estamos falando do dinheiro dos impostos da população”, declarou Schuh.
O vereador Ibrahim Zaher (MDB) explicou que o processo de liquidação não implica na extinção imediata da empresa, e que o próprio projeto aprovado prevê a apuração dos fatos e responsabilização dos gestores anteriores. Segundo ele, o trâmite seguirá diretrizes orientadas pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“É um processo que começa agora, com nomeação de um interventor e formação de uma comissão específica. O projeto traz os mecanismos para essa dissolução, com acompanhamento técnico”, afirmou.
A proposta também autoriza o Executivo a contrair empréstimo de até R$ 30 milhões, recurso que, de acordo com o prefeito, será usado para quitar integralmente os salários dos trabalhadores desligados. O pagamento, segundo Zaher, será feito à vista.
O parlamentar ainda destacou que R$ 111 milhões dos R$ 187 milhões em dívidas foram gerados nos últimos oito anos, e que antigas tentativas de reestruturação da Coder apenas aumentaram o número de servidores e os custos operacionais. Como alternativa para continuidade de parte dos serviços, Zaher sugeriu a criação de uma cooperativa pelos próprios trabalhadores desligados, nos moldes do que já ocorre com a Sanear, Coomser e o transporte coletivo do município.
Por outro lado, o diretor do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (SISPMUR), Reuber Medeiros, afirmou que a luta da categoria agora será no Poder Judiciário. Segundo ele, o sindicato, entidades civis e até pessoas físicas devem ingressar com ações para tentar reverter o encerramento da Coder.
“Infelizmente, perdemos no Executivo e no Legislativo, mas o Judiciário pode nos salvar. Agora a luta vai ser Judiciária, com ações do sindicato, da sociedade civil e de pessoas físicas”, declarou.
Reuber ressaltou que o processo de liquidação será demorado e garantiu que o sindicato monitorará todas as etapas, com especial atenção ao pagamento das rescisões contratuais dos servidores.
“Vai ser um processo lento. Se houver rescisão, vamos exigir que todos os valores sejam pagos corretamente. O sindicato vai acompanhar tudo até o desfecho final”, concluiu.