A manhã deste sábado (24) em Rondonópolis foi marcada por uma forte mobilização social em defesa dos direitos da infância e juventude. A Secretaria Municipal de Promoção e Assistência Social, em parceria com o Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), Conselhos Tutelares, Rede de Proteção e diversas instituições locais, promoveu uma passeata contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes.

O ato, que reuniu cerca de 500 pessoas, teve início na Praça Brasil às 7h30 e seguiu em caminhada até a Praça dos Carreiros. Participaram crianças, adolescentes, pais, professores, representantes de instituições públicas e privadas, além de moradores sensibilizados pela causa. Durante o trajeto, os participantes carregavam faixas, cartazes e panfletos com mensagens de proteção, empatia e denúncia.

A ação faz parte das atividades do 18 de Maio, data que marca o Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, e teve como principal objetivo sensibilizar a população e estimular denúncias, fortalecendo a rede de proteção às vítimas.

A secretária municipal de Promoção e Assistência Social, Alessandra Ferreira, destacou que o evento foi uma união de forças entre a gestão municipal, o Judiciário e órgãos de defesa dos direitos da infância. “É um trabalho coletivo que reforça a necessidade de protegermos nossas crianças. Mais do que caminhar, estamos gritando por aqueles que muitas vezes são silenciados”, disse Alessandra.

Ela também enfatizou o trabalho educativo junto às crianças. “Elas precisam saber que têm a quem recorrer, que não estão sozinhas. Mostrar que podem confiar nos adultos ao seu redor é essencial para romper o ciclo de medo e silêncio”, explicou.

A juíza Maria das Graças Gomes da Costa, da Vara da Infância e Juventude, que participou da caminhada, reforçou a importância da sociedade como vigilante ativa dos direitos infantis. “Cada cidadão deve ser uma sentinela. Muitas vezes, o abuso está dentro de casa, disfarçado de normalidade. Precisamos ouvir, observar e agir”, afirmou. Ela lembrou ainda que o silêncio é uma das maiores barreiras enfrentadas pelas vítimas. “É urgente quebrarmos esse silêncio. Só assim poderemos proteger e curar.”

A promotora de Justiça Patrícia Dower, da Promotoria da Infância e Juventude de Rondonópolis, alertou para os altos índices de subnotificação. “A maioria dos casos de violência sexual permanece nas sombras. Falar sobre o tema, levar informação às famílias e às próprias crianças é a única forma de mudar essa realidade. Precisamos construir um ambiente em que as vítimas se sintam seguras para falar e buscar ajuda.”

A caminhada também teve impacto direto na comunidade. Muitas pessoas que passavam pelas praças e ruas se aproximaram, tiraram dúvidas com os profissionais e receberam material informativo. “É uma ação de rua com poder transformador”, finalizou Alessandra Ferreira.

A mobilização deste sábado reforça o compromisso de Rondonópolis com a proteção dos seus menores, dando visibilidade a uma luta que deve ser permanente e coletiva. Denunciar é proteger. Ouvir é salvar. Agir é transformar.