A Comissão Especial de Investigação (CEI), criada pela Câmara Municipal de Rondonópolis para apurar possíveis irregularidades financeiras na Santa Casa de Misericórdia, realizou mais uma etapa decisiva de sua investigação nesta terça-feira (13). O plenário da Casa recebeu o atual diretor financeiro da entidade, José Eduardo Ponciano de Carvalho, que prestou esclarecimentos sobre a condução administrativa e os fluxos financeiros do hospital, cuja dívida já ultrapassa os R$ 90 milhões.

Durante a oitiva, o presidente da comissão, vereador Ibrahim Zaher, enfatizou o papel estratégico da Santa Casa para a saúde pública do município, alertando para a gravidade da situação financeira. “Estamos lidando com uma instituição que recebe cerca de 95% de seus recursos do SUS, ou seja, são recursos públicos. Precisamos saber como esse dinheiro está sendo gerido, onde estão os erros e, principalmente, quem são os responsáveis. Essa comissão existe para garantir transparência e respeito ao dinheiro do contribuinte”, afirmou.

Zaher também destacou que as oitivas têm sido fundamentais para compreender o funcionamento interno da instituição e as atribuições dos seus dirigentes. “Precisamos entender o fluxo de decisões e identificar os pontos de falha. A Santa Casa é essencial para Rondonópolis, mas isso não pode justificar a falta de responsabilidade com a gestão pública dos recursos”, completou.

O relator da CEI, vereador Vinícius Amoroso, foi incisivo ao comentar as respostas do diretor financeiro. “O senhor José Eduardo declarou que várias decisões e ações não passavam por ele, mas é necessário lembrar que como diretor financeiro, ele responde diretamente pelos atos da instituição nessa área. Se algo está errado, é obrigação dele não só informar ao Conselho, mas também notificar os órgãos competentes. O estatuto da Santa Casa é claro quanto a isso”, pontuou.

Amoroso ainda reforçou a necessidade de uma atuação mais proativa por parte da atual gestão. “Estamos tratando de uma crise que envolve risco direto à continuidade dos serviços prestados à população. É inadmissível que, diante de irregularidades, a resposta seja o silêncio ou a omissão. A responsabilidade precisa ser assumida, e se for o caso, devidamente apurada e punida”, destacou.

Ao final da sessão, o relator reiterou o compromisso da CEI com a recuperação da Santa Casa e com a transparência no processo investigativo. “O nosso trabalho é sério. Não estamos aqui para caçar culpados por interesses pessoais ou políticos. Nosso foco é o CNPJ da instituição, a saúde do povo de Rondonópolis, e a recuperação de uma estrutura que não pode ruir por má gestão.”

A CEI continua os trabalhos e deve agendar novas oitivas nas próximas semanas, com o objetivo de aprofundar as investigações e construir um relatório técnico com recomendações e possíveis encaminhamentos ao Ministério Público e demais órgãos de controle.