Primavera do Leste faz 39 anos: Prefeito Sérgio Machnic resgata memórias da fundação, desafios vividos e projeta o futuro da cidade que mais cresce em Mato Grosso
Em relato emocionante, chefe do Executivo relembra chegada ao município em 1982, destaca importância das raízes familiares, do trabalho coletivo e reafirma compromisso com moradia, transporte, saúde, educação e dignidade para todos Foto: Assessoria
“A cidade tinha umas cinquenta casas. Era só um trieiro. Nós viemos do Paraná, vendemos as terras lá, e começamos do zero. Eu dirigia caminhonete todo mês até o Sul pra buscar gente para trabalhar aqui”. Com essa lembrança vívida e cheia de significado, o prefeito Sérgio Machnic (PL) deu início ao seu testemunho sobre a construção de Primavera do Leste, que nesta terça-feira (13) completa 39 anos de emancipação política.
A entrevista concedida pelo prefeito foi mais do que uma avaliação de governo — foi uma narrativa histórica de quem ajudou a construir a cidade com as próprias mãos. “Cheguei aqui em junho de 1982, com minha esposa, meus irmãos, cunhados, meus pais. Foram dois dias de viagem. A gente veio porque acreditava que aqui dava pra recomeçar. E a Primavera cresceu assim: com coragem, suor e fé no futuro”, disse Machnic.
Natural de Cornélio Procópio (PR), criado em Mamborê, o prefeito contou que a família, de origem agrícola, enfrentou muitas dificuldades nos primeiros anos. “Não tinha nada aqui. Para comprar um prego ou uma telha, era preciso rodar 145 quilômetros até a Serra de São Vicente. Primavera ainda não era município. A gente dependia de Poxoréu pra tudo: hospital, cartório, banco. Mas isso nunca nos desanimou. A cidade foi erguida por gente que não desiste”.
“EMANCIPAÇÃO FOI A VIRADA DE CHAVE”
Machnic fez parte do grupo que lutou pela emancipação de Primavera do Leste em 1986. “Tivemos que conseguir mais de 1.200 eleitores. Foi uma batalha, mas vencemos. E, no dia 13 de maio, viramos município. A partir dali, começamos a escrever uma nova história”, relatou.
Dois anos depois, foi eleito o vereador mais votado da cidade. “Tudo era necessário. Cada projeto de lei era algo que a cidade precisava. Faltava escola, faltava saúde, faltava estrutura. Mas a gente acreditava. Era diferente: não tinha vaidade política, tinha vontade de fazer”.
Sua atuação o levou ao governo estadual. “O Dante de Oliveira me convidou para ser subsecretário de Indústria e Comércio. Lá, em Cuiabá, eu brigava por Primavera. Lembro quando Dante disse: ‘Vou privatizar a Cemat. E quem ganhar vai ter que trazer o Linhão pra Primavera’. E trouxe. Em 1999, o Linhão chegou e a cidade explodiu. Não teve mais quem segurasse”.
O LEGADO DO GOVERNO DANTE
Machnic ressaltou com entusiasmo o papel transformador que Dante de Oliveira exerceu sobre o município. “O Dante foi o maior político da história do nosso estado. Ele não só levou o Linhão pra cá como fez muito mais. Foi ele quem executou o asfalto de concreto da MT-130, de Primavera até Paranatinga — a maior obra desse tipo no Brasil na época. E ainda sonhou grande com o projeto do transporte multimodal, ligando nossa produção até o Porto do Itaqui, no Maranhão, com 17 pontes de concreto e novas estradas. Só não saiu porque o Ibama travou o projeto”.
Outro feito destacado foi a conclusão da Usina do Rio das Mortes. “Era uma obra parada há anos. Faltava energia, as crianças nasciam com luz de gerador. Eu levei Dante até lá sem avisar ninguém. Ele viu a situação e mandou terminar. Ele era assim. Tinha visão, tinha coragem. Ele amava o povo do interior, e a Primavera deve muito a ele”, disse, emocionado.
DESENVOLVIMENTO COM RAÍZES
Machnic também falou da importância da energia e da infraestrutura para o crescimento da cidade. “Com o Linhão e com o asfalto estruturante da MT-130, a cidade deu um salto. E nós seguimos essa linha: progresso com respeito às raízes”.
Mas mesmo com os avanços, o prefeito admite que ainda há muito por fazer. “Não temos casas populares há anos. A UPA que foi construída pra atender 48 mil habitantes agora precisa dar conta de mais de 100 mil. Não dá mais. Já estou em Brasília tentando viabilizar um hospital novo”.
“TEMOS QUE PENSAR GRANDE, 40 ANOS À FRENTE”
Outro ponto enfatizado por Machnic foi a chegada da Rumo Logística na região. “Vai ser uma mini cidade a 25 km daqui. Serão 1.500 caminhões por dia. 300 empresas vão se instalar. É o futuro batendo na nossa porta. Mas pra isso, precisamos de planejamento, mobilidade, moradia, capacitação”.
O prefeito revelou que a cidade já possui demanda por mais de 12 mil casas. “A Pacaembu vai construir 4 mil, mais 1.600 apartamentos. E eu estou correndo atrás de 5 mil casas populares. Porque a casa muda a vida da pessoa. Quem paga R$ 2 mil de aluguel com salário de R$ 4 mil não vive. Mas se tiver a casa própria com prestação de R$ 200, ele respira. Isso é dignidade”.
Machnic também reforçou que está pensando na formação da população. “Fechamos com a Universidade Federal de Rondonópolis. Serão 40 hectares para trazer 25 cursos e até 5 mil alunos. Vamos transformar Primavera em polo educacional. Educação muda tudo. Educação e moradia. Esse é o caminho”.
“VALE VERDE É RESPONSABILIDADE DE TODOS NÓS”
Ao abordar a situação do bairro Vale Verde, o prefeito foi direto. “Ali tem gente. Tem pai, tem mãe, tem idoso, tem trabalhador. Não importa se está no limite de Primavera ou Poxoréu. Combinamos com o prefeito Luciano Sol, de Poxoréu, de fazer um consórcio. Vamos cuidar daquele povo. Porque quem ajudou a construir Mato Grosso tem que ser respeitado. Já falei com o governador Mauro Mendes e vamos buscar solução juntos”.
“É DEUS, PÁTRIA, FAMÍLIA E LIBERDADE”
Sobre a festa dos 39 anos, Machnic disse que ela resgatou o espírito familiar da cidade. “Prometi que iria valorizar o nosso povo. Quem tem barraca, quem trabalha aqui, está dentro do evento. E deu certo. O concurso de comida movimentou R$ 114 mil. Gente daqui, prestigiada. Isso é compromisso cumprido”.
Ao final, emocionado, o prefeito projetou o futuro. “Primavera é uma grande família. Com problemas, claro. Mas com liberdade, fé em Deus, amor à Pátria e respeito à família. Eu não quero uma cidade só grande, eu quero uma cidade humana. E vamos chegar lá”.