Polícia Civil desarticula quadrilha especializada em fraudes digitais com ramificações em vários Estados
Operação Dobra Digital mira líderes de organização criminosa que usava contas bancárias de terceiros para aplicar golpes sofisticados na internet Foto:
A Polícia Civil de Mato Grosso deflagrou, na manhã desta quinta-feira (24), a Operação Dobra Digital, que teve como alvo uma organização criminosa envolvida em fraudes eletrônicas sofisticadas. Com atuação interestadual, o grupo se utilizava de contas bancárias de terceiros para movimentar valores oriundos de golpes aplicados na internet, lesando vítimas em diferentes regiões do país.
A ofensiva policial foi coordenada pela Delegacia Especializada de Repressão a Crimes Informáticos (DRCI) e cumpriu três mandados de prisão preventiva e três de busca e apreensão, além de medidas cautelares como a autorização judicial para acesso a dados de dispositivos móveis apreendidos. As ordens foram expedidas pela 2ª Vara Criminal da Comarca de Várzea Grande.
Organização criminosa estruturada
O foco da ação foram os líderes do esquema, que atuavam principalmente no aliciamento de pessoas para a “venda” de contas bancárias — posteriormente utilizadas como destino para valores obtidos por meio de fraudes online. A operação é fruto de uma investigação minuciosa que teve início em abril de 2024, após a prisão em flagrante de uma mulher que confessou participação no esquema.
Segundo o delegado Gustavo Godoy, responsável pelo inquérito, a análise de mensagens e arquivos em celulares apreendidos com a suspeita revelou uma estrutura criminosa altamente organizada, com divisão de funções e atuação articulada.
“O grupo contava com núcleos bem definidos: um cuidava do fluxo financeiro, outro da captação das contas bancárias, e um terceiro era responsável pela abertura das contas e fornecimento dos dados”, explicou o delegado.
Modus operandi e agilidade nos saques
Para evitar bloqueios judiciais, os criminosos sacavam os valores com extrema rapidez, utilizando inclusive terceiros levados até agências bancárias, como comprovam vídeos e áudios obtidos pela equipe de investigação. A prática permitia que os recursos desviados fossem rapidamente pulverizados, dificultando o rastreamento pelos órgãos de segurança.
Impacto e desdobramentos
O nome da operação — Dobra Digital — faz alusão à multiplicação ilícita de dinheiro por meios virtuais, simbolizando a abrangência do esquema e sua atuação no ambiente digital. A ação é parte do programa estadual Tolerância Zero, que combate a atuação de facções criminosas, e se integra à segunda fase da Operação Renorcrim, conduzida pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública, por meio da Diretoria de Inteligência e Operações Integradas (DIOPI) e da Secretaria Nacional de Segurança Pública (SENASP).
A Polícia Civil reforça que as investigações continuam em curso e novas fases da operação poderão ser deflagradas nos próximos dias.