A Polícia Civil interditou, na noite desta sexta-feira (16), uma clínica de reabilitação para dependentes químicos na zona rural de Mateus Leme, na região metropolitana de Belo Horizonte, por suspeita de tortura contra os pacientes. Vinte e sete internos que estavam no local, entre eles um adolescente de 16 anos, foram retirados de lá.
A delegada Lígia Barbiere Montovani explica que a corporação recebeu denúncias sobre os problemas. No local, durante ação realizada pela polícia, pacientes relataram os maus-tratos. “Eles contaram que tinham os pés e as mãos amarrados em camas, que passavam as noites amarrados, privados de alimentação e cuidados médicos. Um deles disse que foi levantado e jogado da cama durante algumas vezes”.
Após a operação policial, a cabeleireira Larissa Borges foi buscar o pai que estava vivendo na clínica. Ela contou à reportagem que o pai já havia falado sobre as agressões.
“Na primeira visita que fiz, ele comentou que não havia sido agredido, mas que tinham outros internos que apanhavam, que havia um quarto do castigo no local, mas logo um terapeuta o interrompeu e disse que aquilo não era verdade”.
Para ficar no sítio, cada interno tinha que pagar um valor que variava entre R$ 1.000 e R$ 1.200. O dinheiro deveria ser usado para custear as despesas e fornecer tratamento médico e psicológico. Assistências que os pacientes afirmam estar sem receber há muito tempo.
A Polícia Civil instaurou inquérito para apurar as denúncias. Além do administrador, os funcionários que trabalhavam na unidade também vão ser ouvidos. Eles podem responder pelos crimes de cárcere privado, ameaça, lesão corporal e por tortura. O dono da clínica prestou depoimento e negou as denúncias.