Agronegócio inicia 2025 com aumento de recuperações judiciais e crédito mais restrito
Foto:
Setor inicia o ano sob pressão financeira
O agronegócio brasileiro começou 2025 em um cenário de ajuste financeiro, com margens mais apertadas, custos em alta e crédito seletivo. A combinação desses fatores vem impactando diretamente o relacionamento entre produtores rurais e financiadores, além de alterar a dinâmica de gestão financeira nas propriedades.
De acordo com análise de Carlos Cogo, da Cogo Inteligência em Agronegócio, com base em dados da Serasa Experian, o primeiro semestre do ano foi marcado por um avanço expressivo nas recuperações judiciais e uma alta concentrada na inadimplência rural.
Recuperações judiciais atingem recorde histórico
Entre janeiro e junho de 2025, foram registrados 415 pedidos de recuperação judicial no setor agropecuário, o equivalente a 73% de todo o volume registrado em 2024. O número é considerado histórico e reflete o aumento da pressão sobre o caixa de produtores e empresas do agronegócio.
Os estados de Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais lideram os pedidos, concentrando as operações de maior escala e exposição a riscos financeiros e climáticos. Segundo Cogo, o movimento é impulsionado principalmente por arrendatários com custos fixos elevados e grandes produtores altamente alavancados, que recorreram à recuperação judicial como alternativa para reorganizar passivos e preservar a operação em meio ao ambiente de incerteza.
“A recuperação judicial tem se tornado um instrumento de reorganização de passivos diante do cenário de maior pressão financeira”, explica o analista.
Inadimplência rural também avança
Além do aumento das recuperações judiciais, a inadimplência rural também mostrou avanço no primeiro semestre de 2025. A taxa atingiu 8,1% da população rural, uma alta de 1,1 ponto percentual em relação ao mesmo período do ano anterior.
Os índices mais elevados foram observados entre arrendatários (10,5%) e grandes produtores (9,2%), enquanto os pequenos e médios produtores continuam apresentando níveis abaixo da média nacional. O comportamento reflete a dificuldade de acesso ao crédito e o impacto dos juros altos sobre os custos de financiamento.
Ajuste de ciclo e reposicionamento do mercado
Para Carlos Cogo, o momento vivido pelo agronegócio não representa um colapso, mas sim um ajuste de ciclo econômico. Ele destaca que a combinação de juros elevados, rentabilidade reduzida e maior seletividade no crédito está forçando o setor a adotar mecanismos jurídicos e financeiros mais estruturados, promovendo um reposicionamento natural do mercado.
“Os dados indicam que o agronegócio está passando por um ajuste de ciclo. Não é um colapso — é um reposicionamento natural do mercado”, afirma o analista.
Perspectiva para o segundo semestre
A expectativa é que o segundo semestre de 2025 siga com ritmo moderado de expansão no crédito e que as condições de renegociação de dívidas ganhem força. Especialistas acreditam que o setor tende a se estabilizar gradualmente, à medida que o cenário macroeconômico apresente sinais de alívio nos custos financeiros e maior previsibilidade nas receitas.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio






