Safra recorde e queda na demanda pressionam preços da laranja na temporada 2025/26, aponta Itaú BBA
Foto:
Produção de laranja cresce e muda dinâmica do mercado
O relatório “Perspectivas 2025/26”, divulgado pela Consultoria Agro do Itaú BBA, aponta que a nova safra de laranja no Brasil deve alcançar 307 milhões de caixas, um volume superior ao do ciclo anterior. O aumento da oferta, no entanto, vem acompanhado de menor demanda industrial, o que tem pressionado os preços e alterado o comportamento do mercado.
Enquanto na safra passada até as frutas caídas eram aproveitadas pelas processadoras, neste novo ciclo as indústrias estão mais seletivas, priorizando frutos de melhor qualidade e com maior ratio (°Brix/acidez), indicador que determina o teor de doçura e acidez da fruta.
Essa estratégia busca elevar o padrão do suco de laranja brasileiro, recompor a qualidade dos estoques e recuperar a demanda internacional, reduzida nos últimos anos. Com isso, a colheita tem sido mais tardia, permitindo que os frutos ganhem maturação e qualidade antes do processamento.
EUA devem ultrapassar a União Europeia como principal destino do suco brasileiro
O Itaú BBA destaca que os primeiros meses da safra indicam mudança estrutural no destino das exportações brasileiras. Pela primeira vez, os Estados Unidos podem superar a União Europeia como principal comprador do suco de laranja brasileiro.
Entre julho e outubro de 2025, as exportações totais caíram 7%, reflexo da menor demanda europeia. Por outro lado, os EUA aumentaram as importações em 42%, impulsionados pela queda da produção local e pela retirada da tarifa adicional de 10%, o que deve tornar o mercado norte-americano ainda mais atrativo para os exportadores brasileiros.
Essa tendência reforça uma reconfiguração dos fluxos comerciais e amplia a importância estratégica do mercado americano para o setor citrícola nacional.
Preços em queda reduzem margens dos produtores
Os preços do suco de laranja na Bolsa de Nova York vêm apresentando forte retração, refletindo o aumento da oferta global e a demanda mais fraca. Essa desvalorização tem pressionado os preços pagos pela indústria ao produtor, principalmente para aqueles que não possuem contratos fixos.
Segundo o relatório, o preço spot da laranja deve se manter abaixo de R$ 50 por caixa ao longo da safra, o que reduz significativamente as margens de lucro e a rentabilidade dos produtores independentes.
O Itaú BBA observa que, nesse cenário, a eficiência produtiva e o planejamento comercial tornam-se fatores essenciais para mitigar perdas e manter a competitividade no setor.
Avanço do greening segue como desafio no campo
No ambiente produtivo, o greening — principal doença que afeta os pomares — segue em expansão, ainda que em ritmo mais moderado. Dados da Fundecitrus mostram que tanto a incidência quanto a severidade da doença continuam em alta, comprometendo parte da produtividade.
Em algumas regiões do cinturão citrícola paulista, produtores têm relatado frutos com peso inferior ao esperado, o que pode levar a ajustes negativos nas próximas estimativas de safra.
Mesmo assim, o Itaú BBA avalia que o impacto sobre os preços tende a ser limitado, uma vez que o mercado está mais ajustado e orientado por qualidade e eficiência, fatores que devem nortear o setor no médio prazo.
Fonte: Portal do Agronegócio
Fonte: Portal do Agronegócio





