Documento revela que Cáritas sabia do fim de convênio com Município
Ata interna desmonta a versão divulgada pela entidade nas redes sociais e expõe omissão que inflamou pais e comunidade Foto: Reprodução
A Cáritas Diocesana decidiu posar de surpresa nas redes sociais, mas a própria ata da entidade — aquela de 16 de janeiro, redigida por eles mesmos — desmonta a narrativa dramática construída nesta semana. O documento, ao qual a reportagem teve acesso, mostra que a Cáritas foi informada logo no começo de 2025 de que o convênio com o Município seguiria até o fim do ano, mas que seria encerrado em 2026. Nada de “falta de resposta”, nada de mistério. Já estava tudo dito, escrito, registrado e assinado.
Mesmo assim, a entidade preferiu recorrer ao velho expediente da meia-verdade pública: omitiu o que sabia, ignorou o que ouviu e divulgou que aguardava um posicionamento do poder público. O resultado dessa escolha calculada foi o previsível tumulto — pais desesperados, comentários inflamados e a sensação de que algo havia sido feito às escondidas. Mas o que estava nas sombras, na verdade, era a própria seletividade da Cáritas ao contar a história.
A ata, clara como água, registra que a diretoria se reuniu com o secretário de Educação, Carlos Junior, para tratar da situação. Lá mesmo foi dito: 2025 continua, 2026 encerra. E mais — a equipe da Secretaria explicou que o processo de absorção das unidades conveniadas vem desde 2014, sem segredo nem improviso, e que o Município já tem condições de atender diretamente as crianças do Polo Vila Operária no próximo ano.

O que a entidade escolheu não falar — e só agora veio à tona — é justamente o que inflou a indignação dos pais. Muitos se sentiram enganados não pelo anúncio oficial, mas pela omissão consciente da Cáritas, que preferiu se calar sobre um processo que já conhecia há meses enquanto deixava a comunidade acreditar que o Município havia tomado uma decisão repentina.
Com a confusão instaurada, a Prefeitura precisou reiterar o óbvio: nenhuma criança ficará sem vaga. Há oito unidades da rede municipal com 348 vagas disponíveis para absorver toda a demanda da Carrossel em 2026. Tudo dentro do planejamento. Tudo informado. Tudo registrado.
A única peça fora do lugar — como o documento mostra — foi a narrativa cuidadosamente editada da própria Cáritas.







