• 14 de novembro de 2025
#Artigos #Redes

Orçamento 2026: Por que as empresas precisam redobrar a atenção ao cenário de crédito e juros no Brasil

Foto:

O último trimestre do ano marca um período decisivo para as empresas brasileiras: a elaboração do orçamento de 2026. Mais do que um exercício de projeção numérica, o orçamento precisa refletir a realidade econômica — e em 2026 essa realidade exigirá atenção redobrada.

Dois fatores centrais devem orientar as discussões estratégicas: o patamar elevado da taxa de juros e o endurecimento dos critérios de concessão de crédito por parte das instituições financeiras. Ambos afetam diretamente a capacidade de investimento, o custo do capital e a dinâmica do consumo.

1. O peso dos juros: segunda maior taxa real do mundo

O Brasil segue entre os países com maior taxa de juros real, hoje a segunda mais alta do planeta. Esse patamar tem efeitos relevantes e imediatos tanto para empresas quanto para consumidores:

Para as empresas

O crédito fica significativamente mais caro, afetando:
o Projetos de expansão da capacidade produtiva;
o Reposição e modernização de máquinas;
o Financiamento da necessidade de capital de giro;
o Gestão do fluxo de caixa, especialmente em setores com margens apertadas.

Além disso, juros altos pressionam as despesas financeiras, que precisam ser projetadas com rigor no orçamento — qualquer subestimação pode corroer a lucratividade e comprometer o resultado operacional.

Para os consumidores

Com financiamentos mais caros, o consumo a prazo — especialmente de bens duráveis — desacelera. A retração no consumo afeta diretamente as receitas das empresas, o que reforça a importância de considerar elasticidade de demanda, prazos de recebimento e estratégias comerciais mais conservadoras no orçamento.

2. Acesso ao crédito: instituições financeiras mais criteriosas

O segundo ponto crítico para o planejamento de 2026 é o endurecimento do processo de análise e liberação de crédito.

Esse movimento não ocorre por acaso. Ele é consequência de uma combinação de dois indicadores preocupantes:

Para empresas

O país vive o segundo ano consecutivo de recorde histórico de pedidos de recuperação judicial.
Bancos estão mais sensíveis ao risco corporativo e exigindo:
o Mais garantias;
o Histórico financeiro mais consistente;
o Demonstrações contábeis e fiscais mais organizadas.

Empresas com gestão financeira desestruturada sentirão mais dificuldade — e pagarão mais caro pelo mesmo capital.

Para as famílias

O Brasil enfrenta uma das maiores taxas de endividamento e inadimplência da história.
Isso limita a capacidade de consumo, aumenta o risco percebido pelos bancos e reduz a oferta de crédito.

O resultado é um cenário mais travado tanto para financiar investimentos produtivos quanto para estimular vendas via crédito ao consumidor.

3. Por que isso precisa entrar no orçamento de 2026?

Ao construir o orçamento, é fundamental que empresas adotem uma postura realista, prudente e orientada por dados.

Alguns pontos merecem atenção especial:

✔ Projeção de despesas financeiras com base em juros elevados

Considerar não apenas a taxa vigente, mas cenários alternativos.

✔ Revisão da política de crédito a clientes

Com maior inadimplência e crédito restrito, vender a prazo exige mais rigor.

✔ Mapeamento de fontes de financiamento

Buscar alternativas como:

Linhas subsidiadas quando disponíveis,
Renegociação de prazos,
Redução de estoque,
Aumento de eficiência operacional.

✔ Revisão dos investimentos

Projetos de alto CAPEX precisam ser reavaliados à luz do novo custo de capital.

✔ Fluxo de caixa mais conservador

Caixa forte será diferencial competitivo em 2026.

Conclusão

O planejamento orçamentário de 2026 não pode ignorar que estamos diante de um ambiente com juros altos, crédito mais restrito e inadimplência elevada. Empresas que incorporarem esse cenário ao processo decisório terão maior capacidade de adaptação, preservação de margem e sustentação do crescimento.

Mais do que nunca, gestão financeira sólida, profissionalização e análise de cenários são imperativos estratégicos.

* Alexsandro Silva é economista

Orçamento 2026: Por que as empresas precisam redobrar a atenção ao cenário de crédito e juros no Brasil

PRF apreende mais de 13 kg de

Orçamento 2026: Por que as empresas precisam redobrar a atenção ao cenário de crédito e juros no Brasil

Governo de MT investe R$ 140,7 milhões