• 22 de outubro de 2025
#Agronegócio

Produtores pressionam por agilidade na liberação de crédito rural

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A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) cobrou, nesta terça-feira (21.10), que o governo federal acelere o acesso às linhas de crédito para o setor. Quase 50 dias após o anúncio da Medida Provisória 1.314/2025, produtores rurais ainda esperam a operacionalização das linhas de crédito rural emergencial.

Prometida para socorrer agricultores atingidos por eventos climáticos extremos, a MP prevê R$ 12 bilhões ― com previsão de ampliação para R$ 20 bilhões ― voltados a liquidação e amortização de dívidas, mas o recurso enfrenta entraves burocráticos e segue praticamente inacessível nas principais instituições financeiras do país.

Num encontro entre lideranças da FPA, executivos do Banco do Brasil e especialistas do setor, o debate girou em torno do ritmo lento de implementação da medida provisória, do aumento expressivo do endividamento rural e dos efeitos adversos da política de frete rodoviário.

Segundo levantamento da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul), o crédito para custeio da nova safra teve retração de 23% em relação ao ciclo anterior e os investimentos caíram 44%. A inadimplência saltou para 5,14%, a maior desde 1995. Os números da Serasa Experian reforçam o alerta: pedidos de recuperação judicial no campo quadruplicaram, com 566 casos só em 2024.

Em regiões como o Sul, atrasos na liberação de crédito — somados aos impactos de enchentes e secas — comprometem o calendário de plantio e agravam o passivo dos produtores. Agricultores e entidades relatam sensação de abandono e falta de interlocução: “O sistema não está disponível”, afirmam nas agências, enquanto o Banrisul é o único a confirmar início efetivo das operações. O risco social é evidente: relatos de suicídio entre produtores rurais se multiplicam, trazendo à tona o drama do campo, historicamente pouco abordado nas estatísticas oficiais.

No Parlamento, a FPA cobra urgência na votação das novas regras de seguro rural e defende destinação de recursos adicionais, já que os atuais R$ 12 bilhões não chegam nem perto de cobrir o déficit de estados como o Rio Grande do Sul, com cerca de R$ 30 bilhões em dívidas renegociadas. Deputados ressaltam que, apesar dos anúncios do Executivo, os recursos subsidiados ainda não alcançaram a ponta, e medidas como anistia de dívidas ficaram na promessa.

O debate sobre o piso mínimo do frete rodoviário adiciona mais pressão. Entidades do agro entregaram carta à FPA pedindo revisão urgente na metodologia da Agência Nacional de Transportes Terrestres. Para o setor, a defasagem dos cálculos eleva custos logísticos e compromete a competitividade nacional frente a exportadores estrangeiros, dificultando ainda mais a recomposição financeira dos produtores.

Economistas alertam para o risco de agravamento da crise de crédito rural, já que as margens negativas e a alta dependência de financiamento tornam parte dos produtores vulneráveis à inadimplência e à perda do patrimônio. A avaliação é que faltam garantias, sistema de seguro robusto e um modelo logístico capaz de equilibrar custos e receitas no setor produtivo.

Enquanto a promessa do Banco do Brasil é liberar crédito “até o fim da semana”, iniciativas parlamentares sugerem reformulação estrutural. As propostas incluem diálogo técnico para apoiar pequenos produtores e arrendatários, políticas públicas focadas no seguro rural e no acesso ao crédito, além de transparência na aplicação dos recursos. A expectativa é que o governo mobilize, já neste ciclo, mecanismos concretos para garantir estabilidade, competitividade e previsibilidade ao campo brasileiro.

Fonte: Pensar Agro

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