SISPMUR transforma liquidação da CODER em palanque político às vésperas de eleição interna
Mesmo com decisão judicial clara e processo de encerramento da companhia em curso, diretoria do sindicato tenta transformar o caso em bandeira eleitoral para mobilizar servidores em Rondonópolis. Foto: Reprodução
O processo de liquidação da Companhia de Desenvolvimento Econômico de Rondonópolis (CODER) continua em andamento e segue exatamente nos termos da decisão judicial proferida pelo juiz Francisco Rogério Barros, que determinou que o município poderá prosseguir com o fechamento da empresa após a deliberação da Assembleia Geral e negociação coletiva com o sindicato dos trabalhadores. A sentença rejeitou o pedido do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Rondonópolis (SISPMUR) para anular a lei que autorizou a extinção, mas condicionou a execução à observância dos ritos legais.
Ocorre que, em vez de cumprir seu papel de representar a categoria com equilíbrio e responsabilidade, a diretoria do SISPMUR passou a utilizar o tema como instrumento de disputa interna, numa tentativa clara de capitalizar politicamente sobre a insatisfação dos servidores — em pleno período pré-eleitoral do sindicato.
A eleição da nova diretoria do SISPMUR está marcada para o dia 12 de novembro de 2025, e, desde o início deste mês, a entidade intensificou a produção de matérias, notas e postagens em redes sociais, alimentando um debate que, juridicamente, já está resolvido. Nos grupos de servidores, dirigentes sindicais e apoiadores têm repetido a tese de que a Prefeitura teria “abandonado” a defesa da CODER ao não recorrer da decisão, tentando vender à base uma narrativa de traição e omissão — quando, na prática, a decisão judicial não encerra o processo de liquidação, apenas define seu rito legal.
A realidade do processo
O juiz foi categórico ao afirmar que a CODER está falida, com dívida superior a R$ 243 milhões, sem condições de operar ou contratar com o próprio município. A sentença reconhece o direito do Executivo de liquidar a estatal, mas exige que a medida seja formalizada pela assembleia da companhia e acompanhada de negociação coletiva — etapa que já está sendo preparada pelos procuradores municipais responsáveis pelo processo.
“A CODER está falida e não há nada que possamos fazer para mudar isso. Deixaram um rombo de mais de R$ 240 milhões que inviabiliza totalmente a instituição”, afirmaram os procuradores do município à reportagem.
O Ministério Público foi informado da situação contábil crítica e acompanha o processo para garantir que os direitos trabalhistas sejam preservados. Ou seja: o encerramento é inevitável, mas ocorrerá dentro da lei e com respeito aos servidores.
O discurso sindical e a distorção dos fatos
Mesmo ciente desse cenário, a atual diretoria do SISPMUR passou a disseminar versões distorcidas sobre o caso. Insinua que a ausência de recurso da Prefeitura representaria uma vitória da “luta sindical” ou uma abertura para reverter o fechamento da CODER — o que não é verdade. A própria decisão judicial confirma que a liquidação está autorizada e que o município, ao não recorrer, apenas acata a determinação para seguir os trâmites legais: convocar assembleia e negociar a transição com o sindicato.
Na prática, portanto, nada muda com a ausência de recurso. O processo segue normalmente, e a CODER continua juridicamente em liquidação. O que muda é apenas o tom político adotado por parte da direção sindical, que transformou o drama de centenas de famílias em palco para autopromoção e campanha eleitoral interna.
Política sindical travestida de defesa dos trabalhadores
Com o pleito do SISPMUR marcado para novembro, a narrativa de resistência à liquidação virou bandeira eleitoral para a diretoria atual. Em vez de buscar diálogo técnico e assegurar garantias reais aos servidores da CODER, o grupo à frente do sindicato optou por mobilizar pautas de confronto, estimulando desinformação e tensionando o ambiente entre trabalhadores e prefeitura.
A postura foi classificada por interlocutores próximos à administração como “uma manobra eleitoreira que beira a covardia”, já que utiliza o medo e a insegurança dos trabalhadores como combustível político. “O município está cumprindo exatamente o que a Justiça determinou. O processo continua, mas com respeito às leis e aos direitos. Não há espaço para palanque”, afirmou um procurador ouvido pelo NMT – Notícias de Mato Grosso.
Situação irreversível
Relatórios técnicos anexados ao processo confirmam que a CODER não tem liquidez para quitar dívidas trabalhistas, previdenciárias ou operacionais. A decisão judicial reconhece que a empresa não possui mais condições jurídicas nem financeiras de continuar existindo e que a lei municipal apenas autoriza seu encerramento, cabendo à Assembleia Geral definir o modo de liquidação.
Ou seja: não há reversão possível. Há apenas a obrigação de fazê-lo com transparência e respeito.
Entre a política e a responsabilidade
Com a eleição sindical às portas e o fim da CODER determinado por decisão judicial, a atuação do SISPMUR escancara um dilema: fazer política ou cumprir o dever de representar com seriedade os servidores públicos.
Em vez de manter o foco nas negociações coletivas e na defesa concreta dos direitos trabalhistas, o sindicato insiste em fomentar um discurso populista e eleitoreiro, criando confusão onde há clareza jurídica.
A verdade é simples: a CODER será liquidada. A Prefeitura segue o rito definido pela Justiça. E o sindicato, se quiser manter credibilidade, precisa deixar de lado a demagogia e atuar onde realmente faz diferença — na mesa de negociação, não na urna sindical.