• 19 de agosto de 2025
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CRISE ECONÔMICA

Prefeito Rodrigo Benassi alerta para prejuízos nos municípios com retração hídrica no reservatório da Usina de Colíder

Redução de 17 metros no reservatório em 33 dias provoca temor de crise no turismo e na pesca; municípios estimam perdas milionárias
Foto: Assessoria

O rebaixamento de 17 metros no nível do reservatório da Usina Hidrelétrica de Colíder, iniciado pela Eletrobras no dia 14 de agosto, já altera o cenário econômico de municípios do Norte de Mato Grosso. A medida, que deve durar 33 dias, foi adotada após falhas identificadas em quatro dos 70 drenos da barragem. O prefeito de Colíder, Rodrigo Benassi, informa que usina continua em operação, mas o lago que abastece o reservatório sofre rápida retração.

 

Colíder, Itaúba, Nova Canaã do Norte e Cláudia concentram as atividades mais afetadas. Setores de turismo e pesca, que dependem do nível do rio para transporte e recreação, enfrentam prejuízos diretos. Pousadas, marinas e casas de aluguel perderam o acesso à água, que se afastou das margens. Em Itaúba, três grandes pousadas calculam perdas diretas de R$ 5,5 milhões apenas no período inicial do esvaziamento.

 

Benassi afirma que a situação compromete também a receita pública. “Se essa usina parar de gerar energia, os municípios impactados não receberão compensação hídrica. Isso vai reduzir a receita desses municípios”, lamenta. Segundo ele, a procuradoria municipal já estuda medidas judiciais para garantir compensações da Eletrobras pelo período em que o reservatório permanecer em nível reduzido.

 

 

TURISMO AMEAÇADO

 

O turismo regional cresceu nos últimos anos com a formação do lago da UHE Colíder, inaugurada em 2019. Marinas, pousadas de pesca esportiva e estabelecimentos familiares surgiram às margens do reservatório, especialmente em Colíder e Itaúba. Com a retração de 17 metros, barcos deixam de alcançar os pontos de pesca, o que obriga pousadas a suspender pacotes já vendidos.

 

O vice-prefeito de Colíder, Lourenço Marani, alerta que os prejuízos não se limitam à temporada atual. “O lago tem um papel indispensável para desenvolver a prática do turismo aqui na nossa região. A redução impacta diretamente as receitas e os atrativos turísticos. Só nos primeiros 45 dias, a perda pode chegar a R$ 5,5 milhões. A partir de outubro, começa a piracema, quando a pesca é proibida. Isso amplia a crise”, avalia.

 

As consequências financeiras também preocupam. Colíder recebe cerca de R$ 100 mil mensais em compensação hídrica. Itaúba, entre R$ 400 mil e R$ 500 mil. “Itaúba vai ter uma perda anual de, no mínimo, R$ 5 milhões, podendo ser ainda maior. Ainda não conseguimos mensurar a dimensão do impacto porque não sabemos quando o lago voltará ao volume normal”, afirma o prefeito Benassi.

 

 

PESCA EM DECLÍNIO

 

A redução do lago também compromete a pesca, tanto esportiva quanto de subsistência. Moradores de Itaúba relataram mortes de peixes e dificuldades de navegação. O rio Teles Pires, que antes se espalhava em alagados formados pelo reservatório, retorna ao leito original, encurtando áreas de pesca e limitando o acesso das embarcações.

 

O impacto da redução do reservatório da UHE colíder já atinge também o calendário de eventos regionais. Em Paranaíta, a 207 quilômetros de Colíder, o tradicional Fest Praia 2025 foi cancelado. A decisão, anunciada pelo prefeito Osmar Mandacarú, ocorreu após a constatação de que a área prevista para o evento perdeu com a redução do nível da água. O cancelamento representa prejuízo para o turismo local, comerciantes e prestadores de serviços que aguardavam a movimentação do público no fim de agosto.

 

Celso Banazeski, assessor especial da Vice-Governadoria, reforça que a atividade pesqueira e turística se tornou um dos pilares econômicos da região após a construção da usina. “O lago é uma fonte de receita natural. Hoje, ele movimenta pousadas, restaurantes e serviços ligados ao turismo. Com a redução, a água se afasta dos empreendimentos. Isso obriga cancelamentos, ressarcimentos e prejudica a imagem da região. A Eletrobras se comprometeu a avaliar os impactos e buscar soluções, mas ainda não temos clareza sobre o tamanho das perdas”, declara.

 

 

AÇÕES EMERGENCIAIS

 

A Eletrobras informa que o rebaixamento é uma medida preventiva e que a barragem permanece estável. O diretor-presidente da companhia, Antonio Pardauil, destacou na reunião desta terça-feira em Colíder com os prefeitos dos municípios afetados que a prioridade é garantir a segurança da estrutura. “O reservatório será rebaixado para permitir avaliações detalhadas da barragem. A operação é de prevenção. Não há risco de rompimento”, explica.

 

A empresa iniciou também uma operação de resgate de fauna aquática. Mais de 100 pessoas participam das ações, utilizando barcos, drones e helicópteros. Até o momento, cerca de 5 mil peixes foram capturados e realocados. A operação é acompanhada pela Secretaria de Meio Ambiente de Mato Grosso (Sema).

 

Apesar das medidas, prefeitos e empresários da região cobram clareza sobre as compensações. A expectativa é que novos encontros entre a Eletrobras e os municípios definam critérios de ressarcimento.

 

 

RECEITA COMPROMETIDA

 

Além do turismo e da pesca, a redução no nível do reservatório impacta diretamente as receitas municipais. A compensação financeira pela utilização de recursos hídricos, paga mensalmente pela usina, pode sofrer variações caso a geração seja interrompida em períodos de manutenção.

 

Segundo Benassi, a dependência de Itaúba é maior. “Hoje, a geração de energia na região de Itaúba representa aproximadamente 70% para Colíder e 10% para Nova Canaã. Isso afeta diretamente a receita municipal. Quando represaram o rio, levou um ano e meio para encher. A expectativa é de que agora também leve tempo até a normalização”, destaca o prefeito de Colíder.

 

 

INCERTEZA REGIONAL

 

A Eletrobras não definiu prazo para a recuperação completa do reservatório. Estudos técnicos em andamento avaliarão se haverá necessidade de reforços estruturais adicionais.

 

Enquanto os diagnósticos não são concluídos, municípios enfrentam cenário de incerteza. O turismo sofre cancelamentos. A pesca esportiva, que atrai visitantes de outros estados e países, está comprometida. Empresários do setor estimam desemprego e redução drástica na movimentação financeira.

 

Os prefeitos defendem que a Eletrobras estabeleça medidas de compensação imediata. “Essa é uma pauta urgente. Os municípios não podem arcar sozinhos com as consequências de uma medida que é de interesse da empresa e da segurança da usina”, argumenta Benassi.

 

A expectativa é que novas reuniões nas próximas semanas definam critérios de apoio às cidades atingidas. Até lá, a redução do lago continuará a transformar a paisagem e a economia da região.

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