• 10 de agosto de 2025
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ECONOMIA

Empreendedora denuncia “jogo injusto” nos preços das bebidas na exposul em Rondonópolis

Comerciantes e empresários apontam que esta foi a pior edição do evento, marcada por esvaziamento, modelo insustentável e organização considerada amadora
Foto: Divulgação

A 51ª edição da exposul em Rondonópolis vem sendo considerada por comerciantes e empresários como a pior de todos os tempos. Além do público reduzido em várias noites, dezenas e dezenas de empresas deixaram de participar este ano, alegando que os altos preços cobrados pela organização inviabilizam a presença e já não se justificam no cenário atual. Muitos participantes do setor afirmam que se sentiram explorados e que esse modelo, voltado a repassar custos elevados sem retorno proporcional, já não funciona mais para as empresas do agronegócio.

A avaliação é de que o evento foi conduzido com amadorismo e despreparo, deteriorando a força e a imagem do Sindicato Rural de Rondonópolis, responsável pela realização. Para empresários e comerciantes, a entidade falhou em oferecer uma festa que tivesse acesso real ao público, afastando tanto consumidores quanto expositores. Vale lembrar que, entre as grandes festas do Mato Grosso, a exposul é a única que cobra ingresso. Nenhuma outra exige esse custo adicional do visitante.

 

E a pergunta que fica é inevitável: por quê? Rondonópolis vive uma das melhores fases econômicas de sua história. A cidade tem uma das mais baixas taxas de desemprego do país, é considerada rica, dinâmica e está em pleno emprego. A economia brasileira, de forma geral, também está aquecida. Não existe crise que justifique o esvaziamento de um evento dessa magnitude. A razão, segundo expositores e público, está nos altos preços — não apenas de ingressos, mas de produtos e serviços dentro do parque.

O desabafo mais contundente veio da empreendedora Kauana Maria, que usou suas redes sociais para expor as dificuldades enfrentadas por comerciantes e denunciar práticas que, segundo ela, tornam impossível obter lucro. “Quero falar sobre a exposul como comerciante, não como público. Lá a gente não compra bebida no mercado e leva, é tudo pegado deles. Não pode entrar com nada. O preço, eles que passam, e ainda definem como vai ser vendido”, afirmou.

 

Segundo Kauana, os expositores são obrigados a adquirir as bebidas diretamente da organização, além de arcar com aluguel de caixas térmicas — R$ 150 cada — e comprar o gelo no próprio evento, a R$ 30 o saco, sendo exigidos ao menos dois por caixa. Inicialmente, a margem de lucro era de R$ 1,75 por unidade, com preços ao público de R$ 13 para a Original, R$ 10 para a Brahma, R$ 7 para o Guaraná e R$ 6 para a água. Mas, após reclamações de visitantes, os organizadores reduziram R$ 1 em cada bebida — e descontaram exclusivamente dos vendedores. “A gente passou a ganhar só 75 centavos por bebida. Com esse valor, pagando gelo, caixa e ainda ajudantes, não fecha a conta. E como os preços estão altos, o público compra menos, e a gente vende pouco”, destacou.

 

A comerciante contou que chegou a faturar apenas R$ 76 em um dia, gastando R$ 60 só com gelo. Em noites de portões abertos, como na abertura do rodeio, o movimento melhorou, mas, em outras apresentações, o público reclamava dos preços e as vendas caíam. Ela também criticou a política de consignação, que só aceita devolução de produtos em caixas fechadas. “Não tem lógica cobrar por uma caixa inteira se foi consignado e eles mesmos vendem a unidade para nós. Eu não vendi porque não quis? Não. Foi porque não consegui vender, justamente pelo preço abusivo que eles mesmos colocam”, disse.

Kauana também relatou a cobrança de taxa de estacionamento para seu irmão, que chegou minutos após o horário estipulado para entrada de fornecedores. “Eles acham que ninguém trabalha. Passou das cinco horas, pra eles é atraso e não deixam entrar”, contou.

 

Outro ponto de crítica foi a falta de transparência na divulgação de preços. Segundo ela, o narrador do evento anunciava valores no microfone — R$ 10 a Brahma e R$ 12 a Original — sem informar que havia mais 10% de taxa. “O cliente chegava, a gente colocava a taxa e ele achava ruim, porque não sabia. Lá embaixo, quando passaram a bebida pra nós, falaram que era pra cobrar com a taxa. Mas eles não perdem um real. Quem perde é a gente”, completou.

 

Para muitos empresários, a exposul precisa urgentemente rever seu formato. O que antes era vitrine de negócios e orgulho regional hoje se transformou, na visão de boa parte dos participantes, em um evento que afasta parceiros e público pelo custo elevado e pela gestão desalinhada com a realidade do mercado.

 

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