Relatório expõe drama da redução da vazão do Rio Vermelho nos últimos anos
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Um relatório técnico elaborado pela Superintendência de Averbação e Cartografia, da Secretaria Municipal de Habitação e Urbanismo, a partir de solicitação da Prefeitura de Rondonópolis, alerta que, desde 2023, o Rio Vermelho tem apresentado níveis historicamente baixos, especialmente durante os meses de estiagem, entre junho e setembro, com recuperação lenta mesmo com a retomada das chuvas. Os dados apontam para uma redução acentuada da vazão (volume de água que escoa em um curso de rio) ao longo dos últimos anos, ameaçando a sustentabilidade do abastecimento local.
Conforme o superintendente municipal de averbação e cartografia, Ricardo Amorim, a principal consequência dessa realidade é o comprometimento no abastecimento de água para a população, considerando o Rio Vermelho ser responsável por quase 50% da captação urbana. A baixa vazão e o assoreamento acelerado do rio, além de prejudicarem o abastecimento, aumentam os custos de tratamento da água, diante da maior concentração de poluentes. O relatório mostra ainda que a captação insuficiente já afeta o abastecimento de cerca de 50% dos bairros da cidade em períodos críticos.
Ricardo observa que, nos últimos anos, o nível mais baixo verificado no Rio Vermelho foi em 2024 e sua preocupação é que em 2025 seja pior. Segundo o histórico, o nível em agosto de 2021 era 1,54 metro e, em outubro de 2021, era 1,60 metro, evidenciando uma tendência de queda. Em fevereiro de 2024, época de chuvas, o nível médio registrado estava em 1,49 metro, significativamente abaixo dos 3 metros esperados para o período. Em outubro de 2024, o nível chegou a 1,20 metro, mesmo após chuvas (106 mm, abaixo da média histórica de 140 mm), levando à interrupção temporária da captação em algumas ocasiões.
Entre as causas da redução da vazão, o relatório aponta para estiagens prolongadas e chuvas abaixo da média histórica nos últimos anos, a exemplo de janeiro de 2024 com apenas 180 mm; uso intensivo para irrigação agrícola e exploração inadequada de aquíferos; falta de proteção adequada das áreas de nascentes e matas ciliares (APPs); e impactos das mudanças climáticas, acentuando períodos secos e reduzindo a recarga hídrica.
Conforme o relatório, diante da importância do Rio Vermelho para a segurança hídrica, ambiental e econômica de Rondonópolis, a redução contínua da vazão nos últimos anos exige ações urgentes e coordenadas entre órgãos municipais, estaduais e federais, bem como a colaboração da população. Especialmente neste período de seca, por exemplo, aumenta a necessidade do uso racional da água pelos moradores.
Ricardo Amorim garante que a Prefeitura de Rondonópolis está atenta a esse quadro preocupante e que já vem planejando a adoção de medidas sustentáveis em âmbito municipal. O relatório confeccionado, de antemão, já recomenda medidas como reflorestamento e recuperação das APPs nas margens do rio; proteção das nascentes e áreas de recarga da bacia hidrográfica; e monitoramento constante do nível, vazão e qualidade da água.
Entre outras medidas recomendadas estão a implantação de planos de contingência para estiagens e cheias; campanhas públicas para conscientização e economia no uso doméstico e industrial; incentivo a tecnologias de reuso e eficiência hídrica na agricultura; e ainda pesquisa e implantação de fontes alternativas para reduzir a dependência do Rio Vermelho, o que exige investimentos mais altos.