Adilson do Naboreiro reage a ‘show’ de Vinícius Amoroso e pede investigação sobre sua gestão na Coder
Vereador do MDB acusa colega do PSB de impedir fiscalização quando presidia a companhia, afirma que parte da dívida de R$ 260 milhões é de responsabilidade do parlamentar; prefeito Cláudio Ferreira justifica fechamento por falência e entraves jurídicos Foto: Reprodução
Na sessão desta quarta-feira (09), na Câmara de Rondonópolis, o vereador Adilson do Naboreiro (MDB) elevou o tom contra o colega Vinícius Amoroso (PSB) e sugeriu a criação de uma Comissão Especial de Investigação (CEI) para apurar a gestão do parlamentar à frente da Companhia de Desenvolvimento de Rondonópolis (Coder). O embate ocorreu após Vinícius capitalizar politicamente a crise provocada pelo fechamento da empresa, utilizando o tema como palanque para criticar a atual administração.
Adilson afirmou que, enquanto vereador, tentou fiscalizar as ações da Coder quando Vinícius ainda presidia a companhia, mas foi impedido de entrar nas dependências da empresa. Na tribuna, ele relatou com clareza o episódio:
“Nós fomos fiscalizar a Coder enquanto o meu colega vereador, Vinícius Amoroso, estava lá como presidente. Eu fui enquadrado lá, seu presidente, que eu não tinha permissão para entrar na Coder. Ele foi lá na oficina pedir que eu não tinha que ficar lá. Meu colega Vinícius Amoroso, o senhor poderia ter mantido o parcelamento, não vem aqui jogar para a galera não, querendo falar que nós queremos calar eles. Ninguém quer calar vocês não. Nós estamos apoiando vocês, nós estamos apoiando a coisa certa.”
A crítica pública de Adilson surge no momento em que Vinícius Amoroso tenta se posicionar como principal defensor dos servidores atingidos pela liquidação da companhia, promovida pelo Executivo municipal. Para Adilson, no entanto, essa atuação é oportunista, já que parte do passivo que motivou o fechamento da estatal teve origem justamente no período em que Amoroso comandava a empresa.
Parte da dívida de R$ 260 milhões recai sobre gestão de Vinícius
O prefeito Cláudio Ferreira (PL) anunciou nesta semana o processo de encerramento da Coder, alegando que a companhia encontra-se em situação de falência técnica, com uma dívida acumulada de aproximadamente R$ 260 milhões. Auditorias apontam que o passivo inclui débitos trabalhistas, previdenciários e tributários, além de diversos contratos sem lastro financeiro.
A situação levou à criação de uma mesa técnica com o TCE-MT para estudar alternativas – inclusive formas de parcelamento, como já tentou a Prefeitura com R$ 186 milhões. Mas a falência financeira levou o gestor a optar pelo fechamento e repasse de servidores a uma cooperativa.
Proposta de investigação reacende disputa interna
A proposta de Adilson do Naboreiro, ao sugerir a instalação de uma CEI, reacende a disputa interna entre os grupos políticos da Câmara. Para ele, a Casa tem o dever de apurar responsabilidades, principalmente quando há indícios de que decisões tomadas no passado possam ter comprometido o futuro da empresa e prejudicado centenas de trabalhadores.
Sem citar diretamente datas e documentos, Adilson deu a entender que os atos administrativos de Vinícius enquanto presidente da Coder precisam ser analisados com mais rigor, para que o atual discurso político do vereador não se sobreponha aos fatos.
Clima de tensão e contradições no plenário
A atuação de Vinícius Amoroso nas últimas sessões, marcada por discursos inflamados em defesa dos servidores, tem gerado forte repercussão na opinião pública. Mas a manifestação de Adilson, com apelo à memória recente da gestão do colega, expôs uma contradição que pode comprometer o capital político construído por Amoroso nos últimos dias.
A instalação da CEI depende agora da articulação de assinaturas no Legislativo, mas já movimenta os bastidores da Câmara. A eventual investigação pode mudar os rumos do debate sobre a responsabilidade pela crise na Coder e ampliar a pressão sobre vereadores que passaram pela estrutura da estatal.
Assista o vídeo no link abaixo.