Gripe aviária é confirmada em Campinápolis (MT) e amplia vigilância nacional após surto no Rio Grande do Sul
Caso em galinhas de subsistência levou à interdição de propriedade e reforça alerta sanitário do Ministério da Agricultura; Brasil já havia registrado surto em granja comercial no Sul Foto: Reprodução
O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) confirmou neste sábado (07) o primeiro caso de gripe aviária de alta patogenicidade (IAAP) em Mato Grosso neste ano. O foco foi registrado em uma criação doméstica de galinhas de subsistência no município de Campinápolis, a 658 quilômetros de Cuiabá.
Após a análise laboratorial confirmar a presença do vírus, o Serviço Veterinário Oficial interditou a propriedade e iniciou ações imediatas de erradicação do foco, com vigilância sanitária em um raio de 10 quilômetros ao redor da área. Segundo o Mapa, este é o quarto foco da doença em aves de subsistência no Brasil em 2025.
Embora o caso envolva apenas aves domésticas, sem impacto direto na cadeia industrial, o alerta sanitário foi mantido. A pasta reforçou que o foco não compromete o consumo humano de carne e ovos, tampouco restringe a exportação de produtos avícolas, já que a criação não possui vínculo com estabelecimentos comerciais.
O episódio acende um novo sinal de atenção no país, especialmente porque ocorre apenas algumas semanas após o Brasil registrar seu primeiro surto da doença em uma granja comercial, no município de Boqueirão do Leão (RS), no dia 15 de maio.
Na ocasião, uma criação com cerca de 17 mil aves apresentou mortalidade elevada e foi rapidamente interditada. Todas as aves foram sacrificadas e o governo federal acionou o Plano Nacional de Contingência, com notificação oficial à Organização Mundial de Saúde Animal (OMSA). O caso no Rio Grande do Sul resultou na suspensão de importações por países como China, Reino Unido e membros da União Europeia, afetando diretamente o setor produtivo gaúcho, um dos mais relevantes do país.
Além da granja de Boqueirão do Leão, o vírus também foi detectado em aves silvestres — como cisnes-de-pescoço-preto — na cidade de Sapucaia do Sul, ampliando a zona de vigilância ambiental.
Em Campinápolis, por outro lado, a criação envolvida é de pequeno porte, destinada ao consumo familiar. Ainda assim, o protocolo federal prevê as mesmas medidas: interdição da área, monitoramento contínuo e controle de movimentação de aves. A Defesa Agropecuária Estadual atua em conjunto com o Mapa na contenção.
Apesar das ocorrências, o Brasil mantém seu status sanitário internacional, e o governo federal tem reiterado que a gripe aviária não é transmitida pelo consumo de alimentos devidamente inspecionados. O risco de contaminação em humanos é considerado mínimo e ocorre somente em situações de contato direto com aves infectadas, o que demanda o uso de equipamentos de proteção por trabalhadores da área.
A gripe aviária, causada por variantes do vírus da influenza tipo A, é considerada uma ameaça global à produção animal e à saúde pública. Em ambientes rurais e de subsistência, o monitoramento depende da notificação ativa da população. Por isso, especialistas reforçam a importância de reforçar campanhas educativas, sobretudo em regiões com alta densidade de pequenas criações.
O Ministério da Agricultura continua mobilizado com ações de vigilância em todo o país, especialmente em áreas próximas a rotas migratórias e polos produtivos. A meta é garantir a detecção precoce de novos focos e evitar que surtos pontuais comprometam a segurança alimentar e a confiança do mercado internacional, em um momento em que o Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango.